Publicado em 2007, “Exit Ghost” é mais um livro em que Roth usa o seu alter ego, Nathan Zuckerman como personagem central.
Zuckerman está velho e doente. Tem 71 anos, foi prostatectomizado por cancro há 11 anos e ficou impotente e incontinente.
Deixou Nova Iorque e o convívio com as pessoas e refugiou-se num local ermo da Nova Inglaterra, sem televisão, sem jornais, sem computador, sem telemóvel, dedicando-se, apenas í escrita.
Agora, no entanto, Zuckerman volta a Nova Iorque para experimentar um novo tratamento que talvez lhe melhore a incontinência e essa perspectiva dá-lhe novo alento.
Num jornal, encontra um anúncio que parece publicado para ele: um casal de jovens escritores pretendem trocar o seu apartamento na cidade por uma casa no campo, por um período de um ano.
Zuckerman decide responder ao anúncio e apaixona-se platonicamente pela jovem escritora, começando a elaborar fantasias sexuais com ela.
Esta é a história básica do livro, embora existam outras sub-histórias. Com a mestria habitual, Roth põe a nu a tragédia da velhice, da doença, da perda da virilidade, da perda do controlo dos esfíncteres.
Uma citação curiosa. Zuckerman regressa a Nova Iorque 11 aos depois e o que o surpreende mais?
“Que me surpreendeu mais nos primeiros dias de deambulação pela cidade? A coisa mais óbvia – os telemóveis. (…) Que tinha acontecido nestes dez anos para que de repente houvesse tanto para dizer – tanto e tão urgente que não pudesse esperar para ser dito?”
Grande Roth! Esse ainda está na lista de espera para ser lido. Esse e o Animal Moribundo, mas enfiei-me naquela coisas d’As Benevolentes, de Johnathan Littell, e ainda me faltam 700 páginas do dito calhamaço.
Já agora, conheces Borges? Se Roth é todo ele realismo, nu, cru e despudorado, já Borges envereda pelas histórias mais imaginativas e surreais de que tenho memória, além de que é dono de uma erudição excepcional. Recomendo vivamente.
Cumprimentos
Conheço Borges e estou de acordo contigo.
Roth é fantástico (INDIGNAí‡íƒO e PASTORAL AMERICANA duas obras primas).
AS BENEVOLENTES – grande pastilha – um logro total, o pior livro que li (e apenas 200 páginas) nos últimos dez anos.