Este livro editado em 2002, foge, talvez, ao paradigma das histórias de Auster. Ou talvez não.
O livro conta-nos a história de David Zimmer, que é o narrador. Trata-se de um professor universitário que, após a morte da mulher e dos dois filhos, num acidente de aviação, cai numa depressão profunda e no alcoolismo. No auge do desespero, vê, acidentalmente, na televisão, um filme mudo de Hector Mann, um actor menor dos tempos do cinema mudo que, nos anos 20, desaparecera sem deixar rasto. O filme fá-lo sorrir, pela primeira vez em muitos meses e Zimmer decide saber mais sobre Hector. Entrega-se a esta tarefa, embrenha-se nela de tal modo que, de certo modo, consegue vencer a depressão e o alcoolismo. No final, depois de ter conseguido ver todos os filmes de Hector, de ter vasculhado bibliotecas e cinematecas, nos EUA e na Europa, publica um livro sobre a vida e obra desse obscuro actor.
A escrita desse livro fez com que Zimmer renascesse e voltasse ao trabalho. O projecto seguinte, será a tradução de “Memórias do Túmulo”, de Chateaubriand. É então que recebe uma carta, aparentemente escrita pela mulher de Hector, que o convida a visitá-los num rancho perdido no Novo México.
Incrédulo, Zimmer começa por pensar que a carta é uma brincadeira mas, algum tempo depois, é visitado por Alma, uma jovem que se apresenta como filha da actriz dos últimos filmes realizados por Hector, e que nunca ninguém ainda vira. Alma implora-lhe que visite Hector, no tal rancho, e que o faça rapidamente, pois o homem está moribundo e deixou escrito que, assim que morresse, a sua mulher deveria destruir todos os filmes que, entretanto, tinha realizado.
Hector, afinal, guardava um segredo terrível, que envolvia o encobrimento de um assassínio, e fora por isso que desaparecera de circulação. E, assim, este livro de Auster deixa de ser a história de Zimmer, para se tornar a história de Hector – mas também a história de Frieda, a mulher do actor, e de Alma, que acaba por se envolver com Zimmer.
Claro que, como sempre, o acaso assume a importância fundamental na vida das pessoas, como Auster tanto gosta. No entanto, o livro parece-me, como direi, mais folhetinesco, do que os restantes que já li e não me cheira tanto a Auster, talvez porque a grande cidade (Nova Iorque, sobretudo) e as suas ruas, os seus encontros e desencontros, não está presente.
Já tive a oportunidade de ler e ainda li mais um ou dois pela curiosidade de tantas criticas positivas sobre o autor. Sinceramente, não me apaixonei pelo Auter como me apaixonei, por exemplo, pelo David Lodge.
Só li este livro dele, não gostei.
Já ouvi dizer que é um optimo autor, pode ser que me motive para er outro dele.
Leia outros livros do Auster que vale a pena: “Timbuktu”, “Trilogia de Nova Iorque”, “Música do Acaso”, etc.
Talvez o Paul Auster não esteja í altura de outros autores modernos americanos (por exemplo, Philip Roth) mas este livro, tal como outros do mesmo autor, lê-se com imenso prazer e só vem demonstrar o seu talento literário e a capacidade de criar uma história que deixa o leitor envolvido e ao mesmo tempo o faz pensar