“Notas sobre um país grande”, de Bill Bryson

notassobrepais.jpgLer um livro de Bryson é divertimento garantido. Conhecido como escritor de viagens, este norte-americano tem sentido de humor europeu e enriquece sempre a sua prosa com um estilo divertido.

Neste livro, Bryson juntou as crónicas que escreveu, semanalmente, para a revista inglesa Mail on Sunday’s Night and Day.

Depois de viver muitos anos na Grã-Bretanha, Bryson mudou-se com a família para os EUA e, nestas crónicas, fala-nos da América como se fosse um estranho em terra estranha.

Exemplos:

Sobre a mania que os americanos têm de colocar avisos por todo o lado: “a piscina pública local tem trinta e sete avisos afixados – tinta e sete! – sendo o meu preferido o que diz: «Em cada mergulho apenas é permitido um pulo no trampolim.»

Sobre a importância que os americanos dão ao facto de os carros terem suportes para copos: “faz pouco tempo, o New York Times apresentou um longo artigo sobre os testes que realizou a uma dúzia de carros familiares. Classificou-os de acordo com 10 tópicos, tais como motor, tamanho, espaço no porta-bagagens, comportamento na estrada, qualidade da suspensão e, pois é, número de suportes de copos. (…) Alguns carros, tais como o Dodge Caravan, vêm com 17 suportes de copos! Dezassete! O maior Caravan leva até sete pessoas. Não é preciso ser um físico nuclear, ou até estar bem acordado, para ver que isso dá 2,43 suportes por passageiro. É legítimo que se pergunte porque necessitaria cada passageiro do veículo de 2,43 suportes.”

Sobre a preocupação dos americanos pelos estilos saudáveis de vida: “todas as pessoas que conheço, quase não bebem, nunca tocam em cigarros, vigiam o colesterol como se fossem seropositivos, vão e voltam a correr daqui ao Canadá duas vezes ao dia e vão para a cama cedo. Tudo isto é muito ponderado, e sei que vão viver muito mais do que eu, mas não é lá muito divertido”.

Sobre a informática: “durante muito tempo espantava-me como é que algo tão caro, tão de vanguarda, podia ser tão inútil, e então ocorreu-me que um computador é uma máquina estúpida com capacidade de fazer coisas incrivelmente inteligentes, enquanto os programadores informáticos são pessoas inteligentes com capacidade de fazer coisas incrivelmente estúpidas. Formam, em suma, um par perigosamente perfeito.”

Sobre os políticos americanos e a pena de morte: “não acredito que haja um político na América – certamente nenhum com algum estatuto – que tivesse coragem de enfrentar um sentimento geral desta magnitude (57 por cento dos americanos continuariam a ser favor da pena de morte, mesmo se se descobrisse que um pessoa em cada cem tinha sido executada indevidamente). Tempos houve em que os políticos tentavam mudar a opinião pública. Agora limitam-se a responder a ela, o que é lamentável, porque estas coisas são imutáveis.”

Publicado em 1998, a edição portuguesa, da Quetzal, é deste ano; a tradução é de Miguel Conde.

3 thoughts on ““Notas sobre um país grande”, de Bill Bryson

  1. Ora aí está um livro que eu não leria se não tivesses referência nenhuma. Com a capa e o título que tem não é lá muito chamativo, para mim, claro.

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