Uma sessão cultural no Império

Quando escrevi sobre as sessões de cinema dos meus 18 anos, esqueci-me que também havia as “sessões culturais”, no Império – aquele cinema enorme que está agora transformado em templo da igreja Maná.

No dia 10 de Março de 1971, fui ver o “Easy Rider” – e não há dúvida que foi uma sessão cultural. Para mim – e para muitos como eu – este filme, realizado por Dennis Hopper em 1969, foi o primeiro a mostrar pessoas sob o efeito de drogas psicadélicas.

Com Dennis Hopper e Peter Fonda, “Easy Rider” é um “road movie”, em que dois amigos, montados nas históricas Harley Davidson, atravessam a América, de Los Angeles a New Orleans, em busca do sentido da vida (?). Lá para o meio do filme, aparece um advogado drogado, que acaba por ser assassinado e cujo papel é interpretado por um Jack Nicholson, em início de carreira.

A banda sonora ainda hoje é bem audível, com “Born to be Wild”, dos Steppenwolf à cabeça, e ainda “The Pusher”, da mesma banda, “I Wasn’t Born to Follow”, dos Byrds, “The Weight” por The Band, e outras mais “alternativas”, como uns tais “Electric Prunes” e o seu “Kyrie Eleison” (cheguei a comprar o álbum que, entretanto, desapareceu nas brumas da memória…).

Não há dúvida de que foi uma sessão cultural…

Não fui eu – foi aquele menino!

Lembram-se da pesporrência com que Portas anunciou ao país a compra dos dois submarinos?

Parecia que tinha salvo Portugal de uma invasão eminente.

Durante não-sei-quanto-tempo, Portas exibiu a compra dos submarinos como imagem de marca da sua presença no Ministério da Defesa (sim! Portas já foi ministro da Defesa!…)

Pois agora, que as autoridades alemãs desconfiam de tramóia no negócio dos submarinos, eis Portas a tentar lavar as mãos e a sublinhar, com veemência, que se limitou a pôr em prática uma decisão tomada pelo governo de Guterres…

Patético…

Mais barato que ir ao cinema…

Era ir à bola, em 1971.

Podíamos assistir a um excelente jogo de futebol pagando, apenas, 15 paus, enquanto que, por uma soirée no Politeama, tínhamos que desembolsar 19 paus (para quem não sabe, a cotação é como segue: 1 euro = 200 paus).

E foi um grande jogo, este a que assisti no dia 31 de Julho de 1971. Foi a festa de despedida do José Torres, esse grande ponta-de-lança à moda antiga, que muitos golos marcou pelo Benfica e pela selecção.

Nesse dia, o Benfica defrontou o Arsenal, de Londres, e venceu por 2-0, com golos do “maluco” do Vítor Batista e do inevitável Eusébio.

2-0 era um bom resultado para amanhã, contra o Liverpool…

Grande ponto!

A palavra ponto é uma das mais versáteis da língua portuguesa, tendo em conta os seus múltiplos significados.

Deixando de lado os pontos que fazíamos no liceu, nos anos 50 e 60, e que já passaram de moda, podemos utilizar a palavra ponto na culinária, dizendo que um assado está no ponto, na medicina, suturando uma ferida com pontos, na moda, vestindo-nos de ponto em branco, no teatro, com o ponto a sussurrar as deixas aos actores ou na geografia, enumerando os pontos cardeais.

Com a industrialização, surgiram as fábricas e os operários a picarem o ponto; noutro ramo de actividade, pode dizer-se que uma prostituta que vagueia pela rua, anda ao ponto; não há contador de histórias que não saiba que quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto; todos gostamos do ponto alto de um espectáculo, mas nem todos sabem dar uns pontos numa meia rota, muito menos bordar em ponto de cruz.

Há por aí quem diga que também há um ponto G, e vão-se secando à sua procura, enquanto outros gozam noutros pontos…

Como se sabe, um ponto nunca vem só. Quando vem em grupos de três, diz-se que estamos perante reticências. Outras vezes, acompanhado, temos o ponto e vírgula. E temos o ponto de exclamação e o ponto de interrogação mas, antes do ponto final, ainda restam outros pontos…

O ponto de congelação ou de ebulição, o ponto de rebuçado, o ponto negro que se espreme, o grande ponto que faz rir, o ponteado basófilo para biólogos, o ponto verde para os ecologistas, o ponto de equilíbrio, os pontinhos pequeninos e o Sumo Pontífice.

E depois, há os 6 pontos que o Benfica leva de avanço, claro!

E ponto final, parágrafo!

Soirées no Politeama

Eu sou do tempo em que as sessões de cinema eram apenas duas e tinham nomes franceses: a matiné e a soirée. Claro que também havia a sessão da meia-noite, no Politeama, mas era só ao sábado.

O Politeama era a sala preferida da malta, embora também gostássemos do Condes, do Avis, do Tivoli, do Império ou do S. Jorge.

Foi no Politeama que vi muitos westerns-spaghetti, com o Clint Eastwood ou o Giluliano Gemma.

No dia 21 de Janeiro de 1971, fui à sessão da noite ver “Borsalino“, um filme que Jacques Deray realizara no ano anterior. Alain Delon e Jean-Paul Belmondo formavam um par de actores franceses muito em voga e interpretavam os papéis de dois escroques marselheses dos anos 30.

Deray tinha ficado célebre entre a juventude portuguesa porque, em 1969, tinha realizado “La Piscine“, também com Alain Delon e ainda com a maminhas da Romy Schneider. Vi-as no Tivoli, muito emocionado…

O bilhete de cinema custava, em 1971, 19 escudos (0.09 euros).

A política dos pequenos passos

Foi Henry Kissinger que inventou a política dos pequenos passos, a propósito do conflito israelo-árabe. Perante tamanho problema, não se podia querer resolver tudo de uma vez; assim, tinha-se que ir resolvendo uma coisa aqui, outra acolá, até que, um dia, se haveria de chegar à Resolução Final.

Não resultou, claro.

O PSD também tem adoptado a política dos pequenos passos e, embora o novo líder, Passos, seja alto, de apelido não passa de um coelho. Um pequeno roedor, portanto.

E os pequenos passos do PSD são: Santana Lopes, de 2004 a 2005, Marques Mendes, de 2005 a 2007, Luis Filipe Menezes, de 2007 a 2008 e Manuela Ferreira Leite, de 2008 a 2010. E, agora, Passos.

De pequeno passo em pequeno passo, até que Cristo desça à Terra, e traga Marcelo Rebelo de Sousa envolto em nevoeiro, ou Sá Carneiro ressuscite.

Whatever comes first…

O rating, o PEC e outlook

E, de repente, vieram-nos com a conversa do rating!

Bem sei que sou pouco dado a números e, cá em casa, não sou eu que faço as contas, mas juro que nunca tinha ouvido falar do rating.

E dizem-me, agora, que é a primeira vez, desde 1998, que a Fitch cortou no rating.

E porquê?

Consultando o Diário de Notícias de hoje, vejo tudo lá escarrapachado:

“«Portugal tem capacidade para pagar as dívidas, mas as coisas podem piorar», já que o risco da economia crescer abaixo do esperado é «significativo», defende a Fitch, a justificar a descida da nota de risco de crédito de AA para AA-, com um outlook negativo, já ao nível da Itália, Chipre e Irlanda”.

O outlook não é o programa de mail do Bill Gates? Então não é que o sacana também está metido nisto do rating!

Depois de ler aquela explicação e depois de ler, um pouco mais abaixo, que “a classificação estava um nível acima da Moody’s e da Standard & Poors”, fiquei elucidado: Portugal já não é AA, mas sim AA-, e pronto!

Foi por isso, meus meninos, que o Sócrates e o Teixeira tiveram que escrever aquele calhamaço do PEC.

Suponho que agora, depois de o PEC passar no Parlamento, o Sócrates o vai levar a alguém da Fitch, a ver se eles sobem o rating.

Se eles aprovarem o PEC, os juros baixam e a malta já pode trocar de carro no ano que vem!

Capice?

Bom treino!

Estas paragens no Campeonato Nacional são benéficas para as equipas que, graças aos jogos de treino, têm assim possibilidade de pôr em prática as jogadas ensaiadas.

Ontem, aquele jogo-treino do Benfica contra aqueles rapazes equipados de azul-e-branco (não me ocorre, agora, o nome da equipa), foi um bom exemplo disso mesmo.

Jesus teve a hipótese de ensaiar novos arranjos na equipa, meter o Airton e o Kardek, dispensando o Javi Garcia e o Cardoso e, tranquilamente, experimentar alternativas.

E ainda se marcaram três golitos!

Bom treino, não há dúvida!…

Não pode ser verdade!

O Diário de Notícias de hoje diz que, no ano passado, o Zeinal Bava ganhou 2,5 milhões de euros, o Granadeiro ganhou 1,6 milhões e o Rui Pedro Soares ganhou 1,5 milhões.

Não acredito!

Se fosse verdade, o Rui Pedro Soares já tinha comprado um telemóvel com um “device” para eliminar escutas, o Granadeiro tinha arranjado outro penteado e o Zeinal Bava já tinha mudado de nome.

Ruben Micael, por exemplo…