Para que não restem dúvidas de que o 25 de Abril foi importante para todos nós:Â
* “Depois dos discursos do Sr. Ministro das Obras Públicas e do Dr. José Gonçalo Correia de Oliveira, bem poderia ficar calado porque, na realidade, tanto um como outro disseram tudo quanto, neste momento, haveria a dizer. A mim, portanto, só me cabe, quanto muito, louvar o que aqui encontrei e, também, as intenções que presidiram a esta reconstituição. Eu sei que ela foi do maior agrado para o Dr. José Gonçalo Correia de Oliveira, porque, não sendo a sua casa, é como se o fosse, porque é uma casa de Portugal, é portanto uma casa de todos os portugueses e sendo de todos os portugueses, com redobráveis razões, neste caso, é de Vossa Excelência também”.
(Américo Tomaz, presidente da República, 15 de Julho de 1973, na cerimónia de inauguração do novo edifício do Governo Civil de Viana do Castelo).Â
* “O pessoal que dentro dos nossos estabelecimentos trabalhe em contacto com o público ou í vista do mesmo, poderá estar em mangas de camisa, desde que esta seja de cor clara e lisa (branca, azul, cinzenta ou creme) e se apresente bem limpa. (…) É obrigatório o uso de gravata. (…) Não é permitido estar em mangas de camisa, com suspensórios nem com mangas arregaçadas”.
(regras para o pessoal do banco Pinto & Sotto Mayor, citadas no República, 25 de Agosto de 1973)
* Carlos Manuel Fernandes, de 18 anos, “foi encontrado no Largo do Intendente, envergando um uniforme de marinheiro da nossa Armada.”
Claro que o Carlos Manuel não era marinheiro. Pelos vistos, vestia o uniforme para poder almoçar, í surrelfa, no refeitório da Marinha, no cais do Sodré. Foi condenado em 3 meses de prisão. “Apurou-se que o réu não quis aproveitar a oportunidade que o Estado lhe deu quando o internou no Instituto Navarro de Paiva para o educar e fazer dele um homem de trabalho e digno de conviver com pessoas de bem. (…) O tribunal considerou a gravidade do acto que representa a falta de respeito por quem enverga um uniforme de um corpo militar tão aprumado e disciplinado como é a nossa Armada”.
(notícia de 12/2/72)Â
* “O hippy exala mau cheiro e fétido odor corporal, pés sujos, unhas negras e mal tratadas, para assim «copiar» os sinais exteriores da verdadeira pobreza e do abandono em deseperança”.
(Arnaut Pombeiro, comissário adjunto para o Ultramar, da Mocidade Portuguesa, Fevereiro de 1973)
Nasci uns anos depois e dou mesmo muitas graças aos homens que tornaram o 25 de Abril possível!
Olá, Artur — é claro que lá vai mais um abraço.
Porque nós perdoamos tudo, mas temos dificuldade em esquecer.
É que foram muitos anos a gramá-los.