Lê-se de uma penada (tem pouco mais de 100 páginas e o livro tem formato pequeno) e é uma brincadeira com alguma graça.
Ian McEwan não gosta do Brexit, acha que é uma ideia estúpida e decidiu contribuir, í sua maneira, para a discussão.
Socorreu-se de Kafka e da sua Metamorfose e usou-a ao contrário: uma barata deambula por Londres e entra no 10 de Downing Street. Quando acorda, é o primeiro ministro do Reino Unido. Demora um pouco a habituar-se a ter apenas quatro membros e a ter uma língua dentro da boca, mas depressa se adapta e começa logo a ter ideias.
Quando chega ao Conselho de Ministros desse dia, descobre que todos os ministros, menos o dos Negócios Estrangeiros, são baratas que sofreram a metamorfose. E põe em marcha o seu plano: instituir o regressismo.
Se o brexit é uma estupidez e vai ser implementado, porque não o regressismo, que consiste em inverter o fluxo do dinheiro: os trabalhadores pagam para trabalhar e recebem dinheiro quando vão í s compras.
Claro que este primeiro ministro-barata é Boris Johnson, assim como Archie Tupper, o presidente norte-americano, é Donald Trump – mas isso nunca é referido, obviamente.
Custa só 11 euros e ajuda a passar uma parte da tarde divertida
(Editora Gradiva, tradução de Maria do Carmo Figueira)