O Diário de Notícias é insubstituível.
O que seria de mim sem estas deliciosas notícias, enviadas pelos correspondentes.
Desta vez, a notícia vem de Valpaços e é da responsabilidade de José António Cardoso e Paula Carmo.
E foram necessários dois jornalistas porque a história é complexa.
Vamos a factos:
«Carlos Nogueira, 43 anos, militar da GNR, agora a prestar serviço em Mirandela, foi condenado a dois meses de prisão, pena substituída por 60 dias de multa í taxa diária de sete euros por, segundo o tribunal, ter abandonado o seu comandante de patrulha quando exercia funções na cidade Valpaços».
Dois meses de prisão por abandonar o comandante em plena patrulha? Não será pouco?
Avancemos na redacção:
«O militar agora condenado confirmou em tribunal que foi indigitado para o patrulhamento da cidade transmontana entre a uma e as nove da manhã, e que saiu juntamente com o comandante de patrulha, o qual, logo no início, lhe ordenou que conduzisse a viatura em que se deslocavam.»
Tudo normal: o comandante mandou que o outro fosse a conduzir. Por isso mesmo era o comandante! Avancemos:
«Cerca das quatro horas (…) o cabo terá indicado a central de camionagem como destino. Lá chegados, teria mandado encostar o jipe entre dois autocarros e de imediato “rebaixou as costas do banco, informando-me que queria dormir.»
Claro que esta é a versão do militar. Como sabemos, um comandante não dorme, descansa os olhos…
Perplexo, Carlos Nogueira prossegue a sua narrativa: “Ainda perguntei e a patrulha? Vai tu se quiseres, eu vou dormir, pois amanhã tenho que fazer uns biscates de construção civil, a GNR para mim é um part-time”.
Carlos Nogueira ficou sem palavras e, assim que o comandante começou a roncar, nos braços de Morfeu, foi-se embora e participou os factos.
Ah! grande comandante! Queres patrulhar Valpaços? Vai tu, que eu tenho que bater uma sorna porque amanhã vou fazer cimento! Isto de ser GNR é só para garantir a reforma! A minha vida não é isto!
Naturalmente, o pobre do Carlos Nogueira foi condenado a dois meses de prisão.
Quanto ao comandante, quem sabe, terá sido promovido?