Os pobrezinhos voltaram a estar na moda.
Na verdade, junto de uma certa classe alta, muito ligada í igreja católica, os pobrezinhos sempre estiveram na moda, sobretudo na quadra natalícia.
Mas agora, com a malfadada crise, toda a gente quer mostrar que ajuda os pobrezinhos.
Desde as várias instituições, há muito presentes na sociedade, como o Banco Alimentar, a Cáritas, a AMI, as Misericórdias, muitas outras se juntaram a esta onda de solidariedade. É o caso da Ajuda de Berço, presente nos átrios dos grandes centros comerciais, da EDP, que anda a recolher roupa, livros e brinquedos, e dos restaurantes, que agora guardam as sobras para os pobrezinhos, com o alto patrocínio do Aníbal de Boliqueime e Senhora.
E as escolas, preocupadas com as crianças pobrezinhas, cheias de fome, decidiram manter os refeitórios das escolas abertos, durante as férias de natal, para lhes poderem dar uma refeição quente.
Numa escola de Setúbal, segundo conta o DN, o refeitório esteve ontem aberto, esperando por 50 crianças esgalgadas de fome. Havia lasanha para todos.
Não apareceu ninguém.
Nem um puto pobrezinho e esganado de fome apareceu!
Agora, as sobras destes carenciados deverão ser distribuídas pelos pobres envergonhados da classe média, os quais, por sua vez, hão-de guardar as sobras para os da classe média-alta, e as sobras destes serão distribuídas pelos ricalhaços, sendo que as sobras destes serão dadas, finalmente, aos pobrezinhos, assim fechando o círculo da caridadezinha que se instalou neste país com cheiro a sacristia.
Mas havemos de acabar com os pobres, porra!
Cada vez que me pedem para “arredondar” a conta num certo super-mercado…só me apetece é desatar a ofender aquela gentinha!! Caridade??? E a mim quem me ajuda, pá?
Bom Natal, caríssimo!
Que a situação está má não o podemos nem devemos esconder.Que há responsáveis também não podemos nem devemos ocultar.Que deviam responder por isso era imperioso.Agora que anda muita gente ansiosa por aparecer nas televisõs a mostrar a sua “caridadezinha”é uma evidência.Que com este modo de actuação,se criam mais vícios, também é verdade.Nós não sairemos da pobreza em que nos encontramos enquanto o esforço do trabalho não for devidamente retribuído para que não haja lugar a tantos dividendos para uns poucos e, concomitantemente,haver da parte dos que dirigiram e dirigem o país a obrigação de fazer ver í s pessoas que todos temos de trabalhar e não consentir que haja quem o não faça por falta de vontade e não sinta pudor em viver í conta do trabalho dos outros.E,já agora,que reduzamos as idas í s praias paradisíacas.
Dois (ou três) carros por familia, telemoveis topo de gama por membro de agregado, playstations, wiis, um Lcd em cada divisão da casa,e por ai fora…..
Mesmo que muitos queiram dar nas vistas com a “caridadezinha”, penso que podemos e devemos arredondar uns eurinhos para ajudar quem realmente necessita e nem sequer pensa que alguem esta a tentar tirar partido dessa situação. Tambem me custa ver esses aproveitamentos, mas não deixo de ajudar sempre que posso. 1€ aqui, 2€ ali, 1 kg de arroz, ou outra coisa qualquer, não me vao fazer mais pobre nem mais rico. E não preciso esperar pelo Natal.
É só mais uma opinião.
Por isso é que eu não dou nada a ninguém. A minha caridade é pagar os meus impostos e as minhas contribuições para a Segurança Social, dos quais hão-de sair um subsídio de desemprego, um abono de família, um rendimento mínimo, uma pensão de reforma, etc., para cada um que os mereça, segundo as regras que todos, indirectamente, sufragamos.