Alvor lixa Vila Velha de Ródão

Sou do tempo em que havia jornais da manhã e jornais da tarde. De manhã, saía o Comércio do Porto, o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, o República e o Século. í€ tarde, saíam o Diário de Lisboa, A Capital e o Diário Popular.

Isto era no tempo da Outra Senhora, em que havia ardinas (alguém se lembra deles?).

—Tinham um saco de pano a tiracolo, onde transportavam quilos de jornais. E havia pessoas que faziam assinatura de jornais! Os ardinas passavam, cá em baixo, na rua, dobravam o jornal e atiravam-no com destreza, para a varanda do terceiro andar. Nunca falhavam.

E apregoavam os jornais.

Diz-se – que eu nunca ouvi – que chegavam a apregoar, nas ruas da Baixa, “Lisboa, Capital, República, Popular”, só para chatear os salazaristas.

Usando os títulos dos jornais mais vendidos, iam dizendo que Lisboa era a capital de uma República Popular.

Também sou do tempo do Banco Fonsecas e Burnay que, em maio de 1980, resolveu abrir mais três agências: em Alvor, em Lixa e em Vila Velha de Ródão.

Tal como os ardinas faziam com os títulos dos jornais, também o Banco, com os nomes das terras fez com que Alvor lixasse Vila Velha de Ródão…


5 thoughts on “Alvor lixa Vila Velha de Ródão

  1. A Capital chegou mais tarde, penso que em 1968, e os jornais custavam oito tostões. Tive de fazer as contas em Excel +-0,4 cêntimos.
    Uma ditadura também tem as suas vantagens: Um inimigo quase comum, a facilidade de humor e a decisão sem pensar em eleições.
    Vejam os chineses é sempre a crescer. Claro ás vezes tem de haver Tiananmen para o pessoal ganhar juizo.

  2. Tenho ideia que o Republica saia í  tarde, e foi épica a sibscrição para a compra da rotativa

    O D.Lisboa foi o primeiro a ser impresso em offset (chamado também “offSoto”, por causa do Director que implementou aquilo

    Sobre os ardinas, saia da casa onde se distribuíam os jornais, no Bairro Alto penso que junto ao Século e vinham a correr para a Baixa para serem os primeiros a vender no Rossio e Restauradores

    Eu era comprador do D.Lisboa (saudades da Mosca), ali mesmo na esquina do Trib. Boa Hora, depois de descer a Nova do Almada onde trabalhava

    Era a minha leitura no barco para Cacilhas

    Hoje prefiro ir lendo os titulos online, falta o cheiro de que o Artur fala, mas mesmo em papel já não o têm

  3. Ainda tive a sorte de aprender o que são jornais matutinos e vespertinos. Mas já não tive a felicidade de poder conviver com uma época em que se praticava esse ritmo jornalístico.

    Aliás eu já sou do tempo em que os semanários começaram a definhar…

    Hoje com as edições online resta saber quanto tempo vamos ter jornais em papel.

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