Michael Cunningham tornou-se um dos meus escritores contemporâneos preferidos, graças a “Uma Casa no Fim do Mundo” (1990), “Laços de Sangue” (1995), “As Horas” (1998) e “Dias Exemplares” (2005).
No entanto, este “Ao Cair da Noite” desiludiu-me um pouco.
A acção decorre em Manhattan e a história é muito “classe média-alta-intelectual-nova iorquina”, como se fosse um filme do Woody Allen dos anos 80, mas sem as piadas.
Peter Harris é dono de uma galeria de arte e a mulher, Rebecca, é directora de uma revista de arte. No final do dia, o casal quarentão encontra-se no seu confortável apartamento e bebe um copo de vinho tinto, antes de encomendar o jantar tailandês ou indiano.
Tudo parece correr quando o irmão mas novo de Rebecca vem instalar-se no apartamento e, certo dia, Peter o vê, todo nu, com o seu corpo magro e musculado de ainda quase adolescente.
A partir daí, Peter vai começar a duvidar da sua sexualidade. Perplexo, pergunta-se a si próprio como é possível ter tido sempre comportamentos heterossexuais e, agora, de repente, sentir-se atraído por uma pessoa do mesmo sexo, ainda por cima, irmão da sua esposa.
Revê o seu passado e começa a encontrar indícios de anteriores impulsos que terão sido reprimidos. Recorda a história trágica do seu irmão mais velho, homossexual, e que morreu com sida.
A segunda metade do livro é toda preenchida com esta luta interior de Peter e com jogos de sedução entre ele e o irmão de Rebecca.
No entanto, nada acontece, para além de um beijo…
Confesso que a história não me tocou, como as dos anteriores romances de Cunningham. Claro que ele não sabe escrever mal, e a história deste “By the Nightfall” está bem contada, mas não chegou para me emocionar.