Chamei o doente seguinte. Era um cidadão da China e vinha acompanhado por um cidadão do Bangla Desh.
A ideia era a seguinte: o cidadão da China queixava-se em inglês e o cidadão do Bangla Desh traduzia para português; eu observaria o cidadão da China e, depois, faria a minha prescrição, em português; seguidamente, o cidadão do Bangla Desh traduziria para inglês, de modo a que o cidadão da China percebesse.
Acontece, no entanto, que o inglês do cidadão da China era tão mau que o cidadão do Bangla Desh tinha muita dificuldade em percebê-lo.
Acresce que o português do cidadão do Bangla Desh era, também, tão mau, que eu não entendia nada do que ele me dizia.
Ficámo-nos pelos gestos.
O doente chinês apontou para a garganta e fez um esgar internacional de dor. Com uma espátula, vi-lhe a garganta e fiz uma careta internacional para “isto está feio”.
Enquanto isto, o cidadão do Bangla Desh sorria-se, também internacionalmente.
Depois, foi só passar a receita e explicar como se toma o antibiótico, com o gesto internacional para “de 12 em 12 horas”.
Palavras para quê?…