“Olhó tabaco! Cá está o tabaco! Olhó tabaco!”

Este pregão é o único que retenho na minha memória, dos tempos em que ia í  bola com o meu pai.

Era domingo – a bola era sempre ao domingo, nos anos 60 – e, í  frente do estádio da Luz, alinhavam-se as bancas dos vendedores ambulantes.

Não me lembro de mais nenhum, a não ser a do tipo do “olhó tabaco!”

Tinha uma pequena baliza, talvez do tamanho de uma baliza de hóquei e, sobre a linha de baliza, dois maços de tabaco SG, lado a lado. A cerca de três metros de distância, uma pequena bola, talvez uma bola de ténis (deste pormenor, já não me lembro).

A malta que quisesse arriscar, pagava uma certa quantia ao “olhó tabaco!” (cinco tostões?), e chutava a bola. Se conseguisse mandar abaixo os dois maços de tabaco, ficava com eles. Valia a pena arriscar.

Apesar de estarmos nos tempos em que o tabaco não fazia mal í  saúde, o meu pai nunca me deixou experimentar!

Mas nunca mais me esqueci do pregão: “Olhó tabaco! Cá está o tabaco! Olhó tabaco!”