Novo método anticoncepcional

“Os especialistas da Harvard School of Public Health, em Boston, analisaram o esperma de 189 jovens entre os 18 e os 22 anos e verificaram que os que passam mais de 20 horas semanais frente í  televisão têm esperma de qualidade inferior, com concentração de espermatozóides 44% inferior í  dos que veem menos televisão”.

Isto é o que diz uma notícia de ontem do Diário de Notícias.

E a notícia diz mais:

“Os homens que fazem 15 ou mais horas de exercício por semana têm concentração de espermatozóides 73% mais elevada do que os que fazem menos de cinco horas”.

Portanto, se uma jovem quiser passar o dia a mandar umas pinocadas e não queira engravidar, em vez de tomar a pílula, que faz mal a tanta coisa, basta-lhe obrigar o namorado a ver mais de 20 horas de televisão, impedindo-o de fazer qualquer tipo de esforço físico.

Fácil…

“Skyfall”, de Sam Mendes

Só em 1981 vi o meu primeiro 007. Foi o For Your Eyes Only, com o Roger Moore, no S. Jorge.

—Antes disso, achava que os filmes do 007 eram mais um produto da decadência da sociedade burguesa, que eram uma patetice pegada, inverosímeis e inúteis.

E não é que são mesmo?

E não é que, por serem isso mesmo, os filmes do 007 são bem divertidos?

Depois daquele meu primeiro 007, vi todos os que ficaram para trás, graças ao dvd, e fui ao cinema ver todos os que vieram depois.

Digamos que é assim uma espécie de tradição, como ir í  Feira do Livro – um tipo pode não comprar livro nenhum, mas acha piada ao passeio.

Gosto deste 007 interpretado pelo Daniel Craig. É duro í  brava, machão quanto baste, raramente sorri, fala pouco e é mais humano, no sentido de que até chora!

E também gostei deste Skyfall.

A clássica cena de abertura, que é sempre uma perseguição, é bem esgalhada, e a cena final é épica, uma espécie de Home Alone para adultos. O argumento é engenhoso, mas não muito complexo (ninguém quer pensar muito, quando vai ver um 007), e Javier Bardem faz um vilão excelente.

Vale a pena.

“To Rome With Love”, de Woody Allen

Li para aí umas críticas negativas a mais um filme de Woody Allen, dizendo que ele está preguiçoso e que se está a repetir.

—Acho que o grande problema destes críticos reside no facto de sempre terem achado que Allen era um génio, por ter realizado Manhattan e Annie Hall e admirar Bergman e Felinni, e ser intelectual e muito “europeu”.

Na minha opinião, Allen é bom no seu ofício, fez filmes muito bons, alguns menos bons, quase nenhuns medíocres e, ao longo de todos estes anos, proporcionou-me bons momentos de entretenimento e por isso lhe agradeço. Mas não é nenhum génio (e ele próprio reconhece isso).

Desde Take the Money and Run (Inimigo Público nº1), de 1969, que tento não perder um filme de Allen e acho que só não vi três das suas 40 longa-metragens.

Este To Rome With Love junta várias histórias, o que é comum no cinema italiano e a diversão é garantida.

Ao mesmo tempo que vamos revisitando alguns dos lugares emblemáticos da capital italiana, vamos seguindo essas histórias com agrado e ficamos com pena quando o filme acaba.

Das várias histórias, destaco duas: um casal recém-casado de jovens italianos da província, chega a Roma. Ela sai do hotel para ir a um cabeleireiro porque vai ser apresentada í  família do marido. No entanto, perde-se, acaba por ir parar a uma zona onde está a ser feito um filme, é seduzida por um actor pomposo, que a leva para o seu hotel, mas ambos acabam por ser assaltados no quarto e ela vai para a cama com o ladrão. Entretanto, o marido é surpreendido por uma prostituta (Penélope Cruz) que, por engano, entra no seu quarto e ambos são surpreendidos pelos familiares dele, que não tem outro remédio senão apresentar a prostituta como sendo a sua mulher. Uma cena de ópera bufa bem conseguida.

A outra história envolve o próprio Woody Allen, que é um agente de espectáculos reformado; foi sempre incompreendido, devido í s suas produções arrojadas, como a Traviata para personagens todos vestidos de ratos brancos… É casado como uma psiquiatra (Judy Davis), que diz que ele, em vez de ter ego, superego e id, tem três ids. Ambos vão a Roma para conhecer o futuro genro e a sua família. Ao ouvir o seu futuro sogro a cantar no duche, consegue convencê-lo a participar numa ópera, cantando… no duche. Só vendo…

Além destas duas histórias, temos mais uma outra, que envolve arquitectos e outra, em que Roberto Benigni (não gosto dele, mas aqui safa-se…) é um cinzento empregado de escritório que, de repente, se torna famoso.

O curioso é que todas estas histórias, contadas em paralelo, têm tempos diferentes, isto é, enquanto a história do jovem casal decorre ao longo de algumas horas, a do agente operático decorre ao longo de meses. Mas isso não faz mal nenhum – são liberdades narrativas, aceites em cinema.

Tarde bem passada.

Que peixe fish!

O Público de hoje faz eco da descoberta de uma nova espécie de peixes, descoberta no delta do Mekong, no Vietname.

—Trata-se do chamado Phallostethus cuulong, um peixinho com cerca de 2,5 centímetros e que tem o pénis na cabeça, logo abaixo da boca.

E quem diz o pénis, diz a vagina, no caso da fêmea deste peixinho maroto.

Assim de repente, vêm-me (verbo adequado) í  ideia uma série de malandrices possíveis, graças a esta generosidade anatómica.

O pénis por baixo da boca, digamos, í  mão de semear!

Muito conveniente…

Mas há mais: os cientistas descobriram, com inveja, presumo, que este extraordinário órgão, além da sua nobre função copulatória, tem uma bolsa semelhante aos testículos, um ânus e ainda uma espécie de “serras”, que servem para prender a fêmea durante o acto sexual.

Notem bem: boca, pénis, testículos e ânus, tudo ao molho e ainda o extra de “placar” a fêmea.

Adequadamente, os cientistas decidiram chamar príapo a este formidável órgão, em honra ao deus grego da fertilidade – embora, hoje em dia, com a crise grega, até príapo deva estar em baixo.

Acrescenta a notícia que ainda nenhum cientista conseguiu testemunhar uma cópula entre dois destes peixinhos, mas julga-se que devam fazê-lo boca-a-boca.

Como diria a minha avó: «o raça dos peixes!…»

701 insultos!

E o trabalho de recolha continua.

Graças í s listas enviadas por alguns leitores e a outros expedientes, conseguiu-se juntar mais 101 insultos í  lista aqui publicada em março passado.

Aqui estão os 701 insultos. É só escolher e insultar í  vontade!

 

abafa-a-palhinha, abécula, abelhudo, abichanado, abutre, agarrado, agiota, agressivo, alarve, alcouceira, alcoviteira, aldrabão, aleivoso, amalucado, amarelo, amaneirado, amaricado, amigo-da-onça, analfabeto, analfabruto, animal, anjinho, anormal, apanhado do clima, aparvalhada, apóstata, arrelampado, arrogante, artolas, arruaceiro, aselha, asno, asqueroso, assassino, atarantada, atrasado mental, atraso de vida, avarento, avaro, ave rara, aventesma, azeiteiro

bacoco, bácoro, badalhoca, badameco, baixote, bajulador, baldas,  baleia, balhelhas, balofo, banana, bandalho, bandido, barata tonta, bárbaro, bardajona, bardamerdas, bargante, barrigudo, basbaque, basculho, básico, bastardo, batoque, batoteiro, beata, bebedanas, bêbedo, bebedolas,  beberrão,  besta, besta quadrada,  betinho, bexigoso, bichona, bicho do mato,  biltre, bimbo, bisbilhoteira, boateiro, bobo, boca de xarroco, boçal, bode, bófia, boi, boneca de trapos,  borracho, borra-botas,  bota de elástico, brochista, bronco, brutamontes, bruto, bruxa, bufo, burgesso, burlão, burro

cabeça de abóbora, cabeça-de-alho-chí´cho, cabeça-de-vento, cabeça no ar, cabeça oca, cabeçudo, cabotino, cabra, cabrão, cábula, caceteiro, cachorro, cacique, caco, cadela, caga-leite, caga-tacos, cagão, caguinchas, caixa de óculos, calaceiro, calão, calhandreira, calhordas, calinas, caloteiro, camafeu, camelo, campónio, canalha, canastrão, candongueiro, cão, caquética, cara-de-cu-í -paisana, caramelo, carapau de corrida, careca, careta, carniceiro, carraça, carrancudo, carroceiro, casca grossa, casmurro, cavalgadura, cavalona, cegueta, celerado, cepo, chalado, chanfrado, charlatão, chatarrão, chato, chauvinista, chibo, chico-esperto, chifrudo, choné, choninhas, choramingas, chulo, chunga, chupado das carochas, chupista, cigano, cínico, cobarde, cobardolas, coirão, comuna, cona-de-sabão, convencido, copinho de leite, corcunda, corno, cornudo, corrupto, coscuvilheira, coxo, crápula, cretino, cromo, cromaço, criminoso,cunanas, cusca

debochado, delambida, delinquente, demagogo, demente, demónio, depravado, desajeitado, desastrada,  desaustinado, desavergonhada, desbocado, desbragado, descabelada, desdentado, desengonçado, desgraçado, deshumano, deslavado, desleal,  desmancha prazeres, desmazelada, desmiolado, desengonçado,  desenxabida, desonesto, despistado, déspota, destrambelhado, destravada, destroço, desvairado, devasso, diabo, ditador, doidivanas, doido varrido, dondoca, doutor da mula russa, drogado

egoísta, embirrento, embusteiro, empata-fodas, empecilho, emplastro, enconado, energúmeno, enfadonho, enfezado, engraxador, enjoado da trampa, enrabador, escanifobética, escanzelada, escarumba, escrofuloso, escroque, escumalha, esgalgado, esganiçada, esgroviada, esguedelhado, espalha-brasas, espalhafatoso, espantalho, esparvoado, esqueleto vaidoso, esquerdista, estafermo, estapafúrdio, estouvada, estroina, estropício, estulto, estúpido, estupor

faccioso, facínora, fala-barato,  falhado, falsário, falso, fanático, fanchono, fanfarrão, fantoche, fariseu,  farrapo, farropilha, farsante, farsolas, fatela, fedelho, feia-comó-demo, fersureira, figurão, filho da mãe, filho da puta, fingido, fiteiro, flausina, foção, fodido, fodilhona, foleiro, forreta, fraco-de-espírito,  fraca figura, franganote, frangueiro, frasco, frígida, frícolo, frouxo, fufa, fuinha, fura-greves, fútil

gabarola, gabiru, galdéria, galinha choca, ganancioso, gandim, gandulo, garganeira, gato pingado, gatuno, gazeteiro, glutão, gordalhufo, gordo, gosma, gralha, grosseiro, grotesco, grunho, guedelhudo

herege, hipócrita, histérica,

idiota, ignorante, imaturo, imbecil, impertinente, impostor, incapaz, incompetente, inconveniente, indecente, indigente, indolente, inepto, infame, infeliz, infiel, imprudente, intriguista, intrujona, invejoso, insensivel, insignificante, insípido, insolente, intolerante, intriguista, inútil, irritante

javardo, judeu

labrego, labroste, lacaio, ladrão, lambão, lambareiro, lambe-botas, lambéconas, lambisgóia, lamechas, lapa, larápio, larilas, lavajão, lerdo, lesma, leva-e-traz, libertino, limitado, língua-de-trapos, língua viperina, linguareira, lingrinhas, lontra, lorpa, louco, lunático,

má rês, madraço, mafioso, maganão, magricela, malcriado, mal enjorcado, mal fodida, malacueco, malandreco, malandrim, malandro,  malfeitor, maltrapilho,  maluco, malvado, mamalhuda, mandrião, maneta, mangas-de-alpaca, manhoso, maníaco, manipulador, maniqueista, manteigueiro, maquiavélico, marado-dos-cornos, marafado, marafona, marginal, maria-vai-com-as-outras, maricas, mariconço, mariola, mariquinhas-pé-de-salsa, marmanjo, marrão, marreco, masoquista,  mastronço, matarroano, matrafona, matrona, mau, medíocre, medricas, medroso, megera, meia-leca, meia-tijela, melga, meliante, menino da mamã, mentecapto, mentiroso, merdas, merdoso, mesquinho, metediço, mijão, mimado, mineteiro, miserável, mixordeiro, moina, molengão, mongas, monhé, mono, monstro, monte-de-merda, mórbido, morcão, mosca morta, mostrengo, mouco, mula, múmia

nababo, nabo, não-fode-nem-sai-de-cima, não-tens-onde-cair-morto, narcisista, narigudo, nariz-arrebitado, nazi, necrófilo, néscio,  nhonhinhas, nhurro, ninfomaníaca, nódoa, nojento, nulidade,

obcecado, obnóxio, obstinado, obtuso, olhos-de-carneiro-mal-morto, onanista, oportunista, ordinário, orelhas-de-abano, otário,

pacóvio, padreca, palerma, palhaço, palhaçote, palonça, panasca, paneleiro, panhonhas, panilas, pantomineiro, papa-açorda, papagaio, papalvo, paranóico, parasita, pária, parolo, parvalhão, parvo, paspalhão, paspalho, passado, passarão, pata-choca, patarata, patego, pateta, patife, patinho feio, pato, pató, pau-de-virar-tripas, pedante, pederasta, pedinchas, pega-de-empurrão,  peida-gadoxa,  pelintra, pendura, peneirenta, pequeno burguês, pérfido, perliquiteques, pernas-de-alicate, pés de chumbo, peso morto, pesporrente, petulante, picuinhas, piegas, pilha-galinhas, pílulas, pindérica, pinga-amor, pintas, pinto calçudo,  pintor, piolho, piolhoso, pirata, piroso, pitosga, pobre de espírito, pobretanas, poltrão, popularucho, porcalhão, porco, pote de banhas, preguiçoso, presunçoso, preto, provocador, proxeneta, pulha, punheteiro, puta, putéfia

quadrilheira, quatro-olhos, quebra-bilhas, queixinhas, quezilento

rabeta, rabugento, racista, radical, rafeiro, ralé, rameira, rameloso, rancoroso, ranhoso, raquítico, rasca, rascoeira, rasteiro, rata de sacristia, reaccionário, reaças, reles, repelente, ressabiado, retardado, retorcido, ridículo, roto, rufia, rústico

sabujo, sacana, sacripanta, sacrista, sádico, safado, safardana, salafrário, saloio, salta-pocinhas, sandeu, sapatona, sarnento, sarrafeiro, sebento, seboso, sem classe, sem vergonha, serigaita, sevandija, sicofanta, simplório, snob, soba, sodomita, soez, somítico, sonsa, sórdido, sorna, sovina, suíno, sujo

tacanho, tagarela, tanso, tarado, taralhouca, tavolageiro, teimoso, tinhoso, tísico, títere, toleirão, tolo, tonto, torpe, tosco,  totó, trabeculoso, trafulha, traiçoeiro, traidor, trambolho, trapaceiro, trapalhão, traste, tratante, trauliteiro, tresloucado, trinca-espinhas, trique-lariques,  triste, troca-tintas, troglodita, trombalazanas, trombeiro, trombudo, trouxa

unhas de fome, untuoso, urso

vaca gorda, vadio, vagabundo, vaidoso, valdevinos, vândalo, velhaco, velhadas, vendido, verme, vesgo, víbora, viciado, vigarista, vígaro, vil, vilão, vingativo, vira-casacas,

xenófobo, Xé-xé, xico esperto

zarolho, zé-ninguém, zelota, zero í  esquerda

ImPassos Coelho

O Passos está num impasse.

O Relvas, afinal, é um doutor da mula russa.

Das 32 cadeiras do curso, fez exame apenas a 4 e os respectivos professores afirmam nem se lembrarem da criatura. Grande combatente das Novas Oportunidades, de Sócrates, chegou a dizer: “Eu no lugar do engenheiro Sócrates tinha vergonha, eu se fosse parente do engenheiro Sócrates escondia que era parente dele”. (confirmar aqui e aqui)

O Portas anda pelo estrangeiro a falar inglês com sotaque do Colégio S. João de Brito e parece que não tem nada a ver com as medidas impopulares.

Há mais dois ou três ministros que ninguém conhece e até se duvida que existam.

O Gaspar já se começou a engasgar.

Vi-o ontem, acabado de chegar da China, sem gravata, cheio de jet lag e incapaz de dizer algo de concreto sobre a decisão do Constitucional.

A Cristas segue o exemplo do seu chefe Portas e anda pelas feiras, a promover o Alvarinho (o vinho, não o dos pastéis de nata).

O ílvaro Santos Pereira parece uma barata tonta. Sempre que o governo tem uma iniciativa no âmbito da Economia, é outro colega que vem a público anunciá-la. Foi o Relvas que anunciou o Impulso Jovem, uma espécie de desodorizante para desempregados  e foi Portas que foi vender carne portuguesa no Cazaquistão, e depois é ao Mercedes do ílvaro que os manifestantes dão caneladas!

Quanto ao Passos cortou o cabelo e já se nota que está a ficar careca!

Para cúmulo, o Tribunal Constitucional considerou anti-constitucional o corte dos subsídios de férias e de natal aos funcionários públicos.

Apanhado de surpresa, a caminho do teatro, acompanhado pela sua sorridente esposa, Passos balbuciou que vai ter que estender o corte os subsídios a todos os trabalhadores, incluindo os privados.

Pata na poça, Passos!

Fazes isso como? Com mais impostos? Mas os novos impostos já não tinham acabado? Então, e aqueles planos miraculosos que o Relvas tinha para cortar na despesa do Estado (consultar aqui)? Ele até disse, na Universidade de Verão do PSD, que  vamos “cortar nas despesas do Estado, cortar em muitos institutos públicos que nós já temos, cortar a despesa inútil que temos no Estado, na despesa supérflua que nós temos no Estado central, no Estado regional e no Estado local”.

Afinal, parece que as 30 cadeiras que o Relvas não frequentou na Lusófona fizeram-lhe falta, porque o gajo não sabe do que está a falar…

E com braços-direitos como este, tu estás lixado!

Devias ter feito como o Gaspar: engasgavas-te e não dizias nada de concreto.

Talvez termines a legislatura, Passos, mas escusas de te recandidatar, pá!…

O sacana do palhaço!

Neste meu Coiso, tenho chamado alguns nomes a gajos importantes. Ultimamente, por exemplo, comparei Passos Coelho ao palhaço ínhuca e escrevi que Miguel Relvas tinha um sorriso sacana.

Noutros tempos, ia dentro.

Hoje em dia, em democracia, é diferente.

De qualquer modo, palhaço e sacana são insultos.

Poderei ser penalizado por chamar palhaço ao Passos Coelho e sacana ao Miguel Relvas?

Parece que não.

E são os juízes que o garantem, através de dois casos hoje relatados no DN.

Primeiro caso: Ele e Ela namoraram durante dois anos e depois acabaram. Ela ficou com uma pedra no sapato e desatou a enviar sms a Ele, «algumas delas de cariz desbragado e de índole sexual invasiva».

Estes eufemismos de advogado são curiosos: o que será “índole sexual invasiva”? Será que Ela comentaria a qualidade, forma, textura, tamanho, dureza e outras características da coisa dele?

Adiante.

Ele não ligou a este tipo de provocações.

Agora, quando ela lhe chamou palhaço, dizendo «olha seu palhaço não penses que é só a tua namorada e os queridos irmãos que vão pagar pelo que me fizeram, porque tu também vais ter a tua parte», aí ele afinou.

Palhaço, não!

E pí´s a fulana em tribunal.

E o tribunal do Porto decidiu: «palhaço é uma expressão descortês, provocatória ou de simples grosseria», porém, não é «ofensiva da honra» para se poder falar em crime de injúria, tal como Ele queria.

Segundo caso: um pai e o um filho envolveram-se em discussão e o filho chamou sacana ao pai.

O pai meteu o filho em tribunal por injúria e ganhou.

O filho recorreu e o Tribunal da Relação de Coimbra decidiu a favor do filho.

Diz o jornal: «porque há expressões que podem ser indelicadas e mesmo boçais. Mas, afirmaram os juízes, o direito penal não pode intervir onde apenas há meras “impertinências”».

Portanto: chamar palhaço a Passos Coelho é apenas descortês e dizer que Relvas é sacana não passa de uma grosseria.

Mas não quer dizer que não seja verdade…

Gonçalves, o sociólogo

Há um tipo, chamado Alberto Gonçalves, que se intitula sociólogo, que tem direito a uma página inteira do Diário de Notícias, todas as semanas.

Gostava de saber porquê.

O homem vomita desprezo por tudo que lhe cheire, ainda que vagamente, a esquerda; critica tudo e todos, como se vivesse no alto de uma torre de marfim, imune ao que se passa í  sua volta; é um daqueles tipos que raramente se engana e nunca tem dúvidas.

Por mera curiosidade, li algumas das suas crónicas. Depois, fartei-me. Achei que os seus argumentos eram infantis; faziam-me lembrar as bocas que oiço no restaurante onde almoço todos os dias, bocas daqueles tipos que nunca fizeram nada de relevante, mas têm uma opinião importantíssima e definitiva sobre tudo.

Os meses foram passando e a crónica do Gonçalves continuava, semana após semana.

Rendendo-me í  minha ignorância, googlei o nome da criatura. Seria algum autor extraordinário que eu desconhecia? Parece que não.

E até parece que há por aí muito boa gente que pensa como eu.

E, no entanto, o homem continua a encher, todas as semanas, uma página do DN.

E devem pagar-lhe por isso!…

Hoje, por exemplo, escreve esta infantilidade sobre a selecção:

«os jogadores da selecção são um exemplo para os jovens. Sem dúvida. Qualquer sujeito que não estudou, confiou na habilidade para os pontapés, conseguiu um emprego raro e fartamente remunerado no Real Madrid ou no Chelsea, aplica os rendimentos em automóveis de luxo, é incapaz de produzir uma frase em português corrente e enfeita o físico com jóias e tatuagens e penteados belíssimos constitui o modelo que os pais conscenciosos devem impor í  descendência. De resto, a alternativa passa pelas Novas Oportunidades ou, erradicadas estas, pelo Impulso Jovem, que também promete.»

Este texto nem parece de um sociólogo.

O homem fala de jogadores de futebol, mas podia falar de estrelas pop, músicos rock, ténistas, e não só. Um futebolista tatuado e com brincos, que ganhe muito dinheiro, merece ser criticado, mas um músico pop (Gonçalves adora alguns), com penteado exótico e brincos de diamantes, tem uma profissão meritória? Pressente-se uma pontinha de inveja, não?

E depois, como o tiro ao Sócrates é um dos desportos preferidos do homem, tem que falar nas Novas Oportunidades, como se o Ronaldo quisesse acabar o liceu e, para dar uma de independência política, faz uma referência ao Impulso Jovem.

Que independente que ele é, caramba!

Mas o primarismo do especialista vem mais í  superfície quando ele pretende comentar algo mais “político”.

Vejamos o que ele escreve sobre aquele episódio infeliz em que o porta-voz da extrema-direita grega agride uma deputada comunista, em directo, na televisão:

«“Agressão de neonazista evidencia na Grécia a violência da extrema-direita”, eis a manchete do portal brasileiro globo.com sobre os tabefes que um deputado do partido Chryssi Avhi distribuiu durante um debate televisivo a uma colega comunista. É engraçado como meses de agressões nas ruas de Atenas e outras cidades ainda não conseguiram evidenciar a violência da extrema-esquerda. Para cúmulo, selvagem que seja, o valente “neonazista” em causa agiu sozinho. Os selvagens que atacam propriedade alheia e gente avulsa agem em matilha, o que, mesmo sem as máscaras que í s vezes usam, torna a identificação difícil ou impossível. Decerto são tímidos. E sem motivo: no mínimo, arriscavam-se í  glorificação na imprensa internacional, por simbolizarem a indignação que habita os corações gregos. Pois é, quando o ódio frequenta a ideologia correcta, a opinião pública e publicada chama-lhe indignação. Mas, não se enganem, também é ódio.»

O sociólogo critica-se a si próprio: ele faz parte da opinião pública e publicada e, com este texto, tenta desculpar a atitude do porta-voz da extrema-direita grega que, em directo, na televisão, deu três grandes estaladas numa deputada comunista. Para Gonçalves, o energúmeno foi um herói, porque não tapou a cara com máscaras e o que ele fez está desculpado pelo simples facto dos militantes da extrema-esquerda, mascarados e, portanto, cobardes, terem partido montras e provocado mortes, actuando em matilha.

Gonçalves é um pouco paranóide, na medida em que pensa que a imprensa internacional glorifica a acção indignada da extrema-esquerda e critica os tabefes da extrema-direita.

O que será, na opinião da criatura, a imprensa internacional?

Tentar desculpar um atitude irresponsável (ainda por cima, o herói, que actuou sem máscara, depois das estaladas, até fugiu e se escondeu da polícia…) com as manifes violentas que aconteceram em Atenas é de um primarismo que não se coaduna com um tipo que se diz sociólogo.

Por isso, pergunto: por que carga de água este gajo tem direito a uma página semanal no DN?

“O Colosso de Maroussi”, de Henry Miller (1941)

Henry Miller (1891-1980) não é um autor consensual.

Eu gosto muito de Henry Miller.

Comecei por ler, em 1972, Pesadelo Climatizado (The Air Conditioned Nightmare, 1945) e, no ano seguinte, O Olho Cosmológico (The Cosmoligical Eye, 1939), ambos em edição Estampa, numa colecção em que foram divulgados grandes autores, praticamente desconhecidos em Portugal.

Em 1977 li Sexo em Clichy (Quiet Days in Clichy, 1956), em edição brasileira e, dois anos depois, Um Diabo no Paraíso (A Devil in Paradise, 1956).

Em 1980 e 81, devorei os grandes clássicos de Miller: Trópico de Câncer (1934), Trópico de Capricórnio (1939), Sexus (1949), Plexus (1952) e Nexus (1960).

Em 1985 li, meio enjoado, o pornográfico Opus Pistorum (escrito em 1941 e descoberto em 1983) e Cartas a Anais Ninn (1965).

Em 1993, foi a vez de Crazy Cock (escrito em 1930 e publicado em 1991) e, finalmente, em 1997, Moloch (escrito em 1927 e publicado em 1992).

—E ao longo de todos estes anos, li várias referências a este O Colosso de Maroussi (1941), mas só agora, graças a esta edição da Tinta da China (tradução de Raquel Mouta), consegui lê-lo.

Alguns críticos e o próprio Miller consideram esta como a sua melhor obra literária. Não sei dizer se isso é verdade. Trata-se, de facto, de um livro excessivo, ao bom estilo exagerado de Miller, em que o autor expõe as suas ideias utópicas sobre a Humanidade.

Em 1941, Miller decidiu fazer uma pausa na sua actividade literária e, deixando Paris, onde residia, foi passar seis meses í  Grécia. A segunda guerra mundial já tinha começado há dois anos, mas Miller passa-lhe ao lado, tão fascinado que está pela Grécia, que ele elogia até ao infinito.

Página 28: «Os homens podem andar por aí no seu corropio insignificante e inútil, até mesmo na Grécia, mas a magia divina ainda aqui é operante e, por muito que a raça humana faça ou tente fazer, a Grécia continua a ser um local sagrado – e tenho a convicção de que assim continuará a ser até ao fim dos tempos.»

Claro que Miller não podia adivinhar que a Grécia dos nossos dias iria estar de joelhos, humilhada pelos Mercados e que o facto de ter sido o berço da civilização ocidental tem tanto valor como cascas de amendoins.

Fascinado pelos locais históricos gregos, Miller encontra neles a solução para todos os males.

Página 100: «Não precisamos de melhores instrumentos cirúrgicos, precisamos de uma vida melhor. Se todos os cirurgiões, todos os psicanalistas, todos os médicos em geral pudessem ser afastados da sua actividade e reunidos por um breve período no grande anfiteatro de Epidauro, se pudessem discutir em paz e sossego as necessidades urgentes e fundamentais da humanidade em geral, a resposta seria rápida e unânime: REVOLUí‡íƒO».

Ao longo do livro, Miller vai visitando o Peloponeso, Olímpia, Delfos, algumas ilhas gregas, faz amizade com escritores e artistas gregos, mas o que lhe interessa mais é o comum dos mortais. Glorifica a pobreza. Endeusa a simplicidade e diaboliza a América, como símbolo do capitalismo furioso.

E é excessivo nas palavras. Por exemplo, isto, a propósito de Saturno:

Página 127: «Saturno é um símbolo vivo da tristeza, morbidez, desgraça e fatalidade. A sua tonalidade de um branco leitoso desperta associações inevitáveis com tripas, matéria cinzenta, órgãos vulneráveis e ocultos, doenças repugnantes, tubos de ensaio, espécimes de laboratório, catarro, reuma, ectoplasma, tonalidades melancólicas, fenómenos mórbidos, guerras de íncubus e súcubus, esterilidade, anemia, indecisão, derrotismo, obstipação, antitoxinas, romances fracos, hérnias, meningite, letra-morta, burocracia, condições de vida da classe trabalhadora, fábricas clandestinas, a YMCA, encontros do Esforço Cristão, sessões espíritas, poetas como T. S. Elliot, fanáticos como John Alexander Dowie, curandeiras como Mary Baker Eddy, estadistas com Chamberlain, fatalidades triviais como escorregar numa casca de banana e partir a cabeça, sonhar com dias melhores e ficar entalado entre dois camiões, afogar-se na própria banheira, matar acidentalmente o nosso melhor amigo, morrer de soluços e não no campo de batalha, e assim por diante, ad infinitum».

Miller estava, nesta altura, muito zangado com a América e verdadeiramente apaixonado pela Grécia.

Página 245: «Hoje, como ontem, a Grécia é extremamente importante para quem pretende encontrar-se a si mesmo. A minha experiência não é única. E talvez devesse acrescentar que não há povo no mundo que precise mais daquilo que a Grécia tem para oferecer do que os americanos. a Grécia não é apenas a antítese da América, é mais do que isso, é a solução para os males que nos atormentam. Economicamente, pode parecer insignificante, mas espiritualmente a Grécia ainda é a mãe de todas as nações, a fonte da sabedoria e da inspiração».

Não deixa de ser irónico ler estas palavras num momento em que a Grécia está tão em baixo, dependente da ajuda internacional e, internamente, a braços com uma crise de identidade.

O Colosso de Maroussi é um livro curioso, sobretudo, pelos excessos e pela paixão de Miller e acaba por ser um livro de viagens, datado, é certo, mas vivido.

Ataques de Asma

A mulher do líder sírio chama-se Asma. Como a doença.

É jovem e bonita e muito ocidentalizada.

Sarkozy, cuja mulher, Carla Bruni, tem a mesma idade que Asma, dizia que, se Assad tinha uma mulher assim, não podia ser completamente mau.

E afinal, Assad bombardeia os seus próprios concidadãos, mata indiscriminadamente, tortura, está-se borrifando para os direitos humanos e não olha a meios para manter a sua ditadura.

E Asma, o que faz?

Nada.

E era suposto fazer alguma coisa, só porque é gira e usa maquilhagem e veste bem?

E acredito que se Asma tivesse, digamos, um ataque e se indignasse publicamente, o marido tratar-lhe-ia da saúde…