Depois de ler o excelente Viagens, desta escritora polaca, fiquei com muita vontade de ler este Conduz o teu Arado…
Claro que, entretanto, o livro tinha desaparecido dos escaparates. Felizmente, a escritora ganhou o Nobel da Literatura e o livro foi reeditado.
Acabei de o ler ontem e não há dúvida que esta senhora merece toda a nossa atenção.
Nascida em 1962, Olga T. tem uma escrita aparentemente simples, mas cheia de camadas.
Este romance é narrado por Janina Duszejko, uma professora reformada que vive num ermo, onde, durante o inverno, toma conta de algumas casas de campo.
Janina é astróloga amadora, vegetariana e grande defensora dos animais; uma vez por semana, ainda dá aulas de inglês, numa vila próxima. Também uma vez por semana, ajuda um jovem da vila a traduzir os poemas de William Blake; é desse escritor a frase que dá o nome ao livro.
A certa altura, um dos poucos vizinhos de Janina aparece morto, aparentemente por se ter engasgado com um osso de uma corça que ele caçara. Mais tarde, morre o presidente do clube de caça da vila, o chefe dos bombeiros, até o padre.
E uma história bucólica começa a transformar-se num romance policial macabro.
Duas frases que destaco:
Página 120: “…numa antiga tradição, para lutar contra os pesadelos é preciso contá-los em voz alta para a sanita e, depois, puxar o autoclismo!”
Página 179: “…a saúde é um estado incerto e não augura nada de bom. Mais vale viver tranquilo com uma doença, porque assim pelo menos já sabemos do que vamos morrer”.
Aconselho vivamente!
(Edição Cavalo de Ferro; tradução do polaco de Teresa Fernandes Swiatkiewicz)