Aníbal despertou cedo. Passara uma noite atribulada, acordando muitas vezes, sempre a pensar no mesmo. A ansiedade dominava-o.
Olhou para o despertador e viu que eram 7 horas. A seu lado, Maria ressonava ainda. Um fiozinho de baba escorria-lhe dos lábios entreabertos.
Aníbal resmungou qualquer coisa e virou-se para o outro lado, tentando readormecer. Era muito cedo e o Palácio estava frio como o caraças!
A austeridade obrigava a desligar os aquecimentos durante a noite e o nariz de Aníbal estava gelado. Da narina direita pendia uma estalactite de ranho transparente.
Passou mais meia-hora e o silêncio do quarto só era incomodado pelo ressonar de Maria.
Não posso mais, murmurou Aníbal e levantou-se de supetão. Uma tontura obrigou-o a sentar-se na cama com estrondo. Maria acordou, estremunhada.
Que foi isso, Aníbal? Estás a sentir-te mal?
Não consigo dormir mais, resmungou ele.
Mas são só sete e meia da manhã! Está toda a gente a dormir ainda!
Quero lá saber, ripostou Aníbal. Tenho que ir ver as prendas no sapatinho! O que será que o Menino Jesus me deu este ano?!
E Aníbal acabou por se levantar, vestiu o roupão e chinelou em direcção í cozinha do Palácio.
Desde pequenino que gostava de manter a tradição do sapatinho na chaminé e não era agora, que era uma Pessoa Importante, que ia mudar.
Contrariada, Maria chinelou atrás dele.
Chegou a tempo de ouvir um pequeno urro.
Debruçado sobre o sapato de pála, Aníbal examinava a única prenda que lá tinha, com ar apreensivo.
Já viste isto, exclamou Aníbal, com voz rouca – Só tenho esta prenda do Oliveira e Costa: acções do BPN!
Sacana do Menino Jesus!
A começar um, é sempre próspero, ano de 2011. Estes casamentos fatais entre adjectivos e substantivos chateiam. A chuva é sempre torrencial, o mar está revolto, o combate emocionante,….
Espanta-me que ao contrário das visitas do Pope, rei de Espanha,…… o Aníbal não expor os netos em campanha. Valha-nos isso.
Quanto menos expuser, mais ganha. O Anibal vai ganhar por falta de comparência. Bom ano!
Delicioso!