Mário de Carvalho gosta destes textos curtos e eu gosto de lê-los.
Mais importante que o desenlace das histórias é a linguagem que o autor utiliza.
Exemplo, retirado do conto “Fenómenos da Aviação”:
“Foi o caso de D. Maria de Lurdes, açoriana e asmática, que veio declarar a quem a quis ouvir…”
Adjectivar a senhora com a naturalidade e a doença, é óptimo.
Outro exemplo, do conto “Uma Vida toda Empatada…”:
“Virada a chave da ignição, a carrinha atirou um rolo de gases negros e pí´s-se a tremer, com umas estridências de lata, pouco subtis”.
E são estas palavras que me encantam, mais que as próprias histórias, por vezes, um pouco, digamos, vagabundas…