O inefável director de O Sol, José António Saraiva, no seu editorial de ontem, escreve sobre Vitor Gaspar e, a propósito do ministro das Finanças, recorda Salazar.
Também Salazar adoptou medidas duras para endireitar as Finanças e foi muito contestado. Por três vezes se demitiu e por três vezes foi reconduzido, sempre com mais poderes.
Até que chegou a Presidente do Conselho.
Gaspar também é contestado. Pela Oposição, o que é natural, mas também por alguns sectores da coligação, que o acham demasiado liberal.
Parece que o Cavaco também não vai muito í bola com o Gaspar.
Pudera! O tipo cortou-lhe a reforma, aumentou-lhe o imposto e até lhe quer sacar os subsídios!
Claro que Belém desmente, Passos Coelho diz que não perde nem um minuto com essas especulações, mas toda a gente sabe que não há fumo sem fogo.
E Gaspar?
Gaspar passa incólume, entre os pingos da chuva, exibe o seu peculiar sorriso, esfrega as mãos e, no seu modo pausado de falar, vai afirmando que é assim, cortando salários, eliminando subsídios, aumentando impostos, encarecendo a saúde e os transportes, obliterando feriados, tirando dias de férias, empobrecendo, secando e entristecendo os portugueses, que é assim que vamos voltar aos mercados, erguendo-nos das cinzas, com um novo fí´lego, mostrando ao Mundo que somos capazes!
Pobres mas honrados!
Mas onde é que eu já ouvi isto?
De facto, Gaspar rima mesmo com Salazar…