O despertador tocou.
Estava na hora.
Eram 3 da madrugada e o despertador fora desnecessário; com a excitação do encontro, ainda nem tinha pregado olho.
Aquele era o segundo domingo do mês e, como estava combinado, eles viriam í quela hora.
Acontecia já há algum tempo.
Assim que chegavam, sentia uma sensação de bem-estar, um alívio que me percorria os músculos e me deixava calmo e tranquilo.
Tudo começara há cerca de um ano, numa noite de insónia. Tinha ido até ao quintal, tentando afastar a ansiedade, na esperança de que o ar da madrugada me ajudasse a conciliar o sono.
Foi quando nos encontrámos pela primeira vez.
Desde então, sempre no segundo domingo de cada mês, pelas 3 da manhã, lá vêm eles estar comigo cerca de meia-hora e são os momentos mais felizes da minha vida.
Portanto, levantei-me, vesti o roupão e fui até ao quintal e lá estavam eles.
Cumprimentámos-nos sem dizer uma palavra.
Depois de alguns minutos de silêncio, eles falaram dentro da minha cabeça:
Queres vir connosco?
Hesitei na resposta, mas acabei por elaborá-la sem abrir a boca:
Vocês têm lá covid?
Que disparate! ““ exclamaram ““ Claro que não temos covid!
Então vou!
E fui!
De facto, não têm covid, mas também não têm café, whisky ou vinho…
Nem oxigénio…