Neste livro de 1995, Auster reúne entrevistas sobre a sua obra, prefácios a alguns livros de outros autores e pequenos relatos autobiográficos.
Estes relatos, de algum modo, são a chave para a escrita de Auster: a vida, afinal, é feita de acasos, de coincidências, de factos que, se tivessem acontecido de outra maneira, poderiam ter mudado a vida das pessoas. Parece que, pelos vistos, temos pouco controlo sobre a nossa vida; ela poderia tomar um rumo totalmente diferente se, naquele dia, naquela hora, as coisas se passassem de maneira diferente.
Auster conta, por exemplo, duas história do seu pai que, por duas vezes, viu a sua vida em risco e que se salvou por sorte. E atribui significado a estes acasos.
Todos nós já passámos por isso e sabemos que, se em determinada circunstância, tivéssemos virado í direita, em vez de voltarmos í esquerda, a nossa vida poderia ter sido muito diferente do que é.
Mas Auster não atribui a estas coisas um sentido divino. Não é a mão de Deus que intervém. É o acaso, que é, no fundo, o cerne de todos os livros de Auster.