Depois de “Tangos”, de 1998, Saura debruçou-se sobre o fado e realizou este documentário formidável, que se vê quase como uma história da música mais genuinamente portuguesa.
“Fados” é isso mesmo, uma sucessão de fados, uns ilustrados com imagens de Lisboa, outros acompanhados de coreografias originais, outro recriando uma casa de fados, outro ainda com a câmara fixa na boca da fadista. Pelo meio, homenagens a Alfredo Marceneiro (com um rap um pouco deslocado, digo eu), a Amália Rodrigues e a Lucília do Carmo.
Momentos brilhantes: a interpretação espantosa de Caetano Veloso, de “Estranha Forma de Vida” (Chico Buarque podia ter feito melhor com o seu “Fado Tropical”, embora Júlio Pereira dê uma ajuda) e Lila Downs, de quem eu nunca tinha ouvido falar, que canta muito bem uma versão bem esgalhada do clássico “Foi na Travessa da Palha”.
Em geral, todos os momentos são bons, incluindo Argentina Santos, que canta fado como deve ser. Só não gostei de Carlos do Carmo e da Mariza (embora a guitarra de Rui Veloso quase safe a coisa), mas isso são opiniões muito pessoais e que devem ser consideradas quase sacrílegas.
Não estou NADA de acordo.
Fados é um filme muito mau — o que, para mim é surpreendente. Saura é um excelente realizador e já fez várias obras inesquecíveis.
Mas “Fados” é apenas mais um programa de televisão, com todos as implicações a que esta minha classificação obriga.
Eu diria que a musica é, genericamente, boa — embora com algumas escolhas discutíveis. Mas o Cinema é uma outra coisa — e Saura sabe-o bem melhor que eu próprio.
Quando vi o filme fiquei não só desiludido, mas mesmo aborrecido.
É que aquilo é monótono, sem a menor centelha de criatividade — e frequentemente recorre ao lugar comum mais vulgar.
Ok – reformulando – “Fados” é um excelente programa de televisão (não o vi numa sala de cinema, mas em casa, com o som bem alto e gostei muito. Opiniões…