Knut Hamson (1859-1953), escritor norueguês, prémio Nobel da Literatura de 1920, é idolatrado por alguns colegas.
Thomas Mann disse que “Hamsun é o maior escritor de sempre”. André Gide disse que ele “apenas é comparável a Dostoievski, mas talvez mais subtil”. Paul Auster escreveu o prefácio desta edição da Cavalo de Ferro.
Segundo o The New Yorker, este primeiro romance de Hamson “é um romance intemporal que influenciou autores como Kafka e Henry Miller”.
Com efeito, “Fome” não parece um livro escrito no final do século 19. O romance não tem história, não tem personagens, a não ser o narrador, praticamente não tem acção. É, de facto, um livro onde não se passa nada, e isso deve ter sido muito inovador, em 1890.
Em “Fome”, um escritor deambula pela cidade, cheio de fome. Não tem ocupação, não tem dinheiro e tem mesmo muita fome. Está dias seguidos sem comer nada. Alucina. Apesar disso, escreve. De vez em quando, consegue vender um dos seus artigos, mas rapidamente gasta o pouco dinheiro que recebe em troca.
E é com este material, aparentemente parco, que Hamsun constrói toda a narrativa de coisa nenhuma.