Já se sabe que, quando se adapta um livro ao cinema, muito se perde e, raramente, algo se ganha.
“O Adversário” é um excelente livro de Emmanuel Carrí¨re, publicado em 1999. A partir da história real de um falso médico, que assassinou a mulher e os filhos, o escritor criou uma história de mentira e solidão, perturbadora, que nos deixa inquietos.
O filme não consegue dar-nos a dimensão da mentira de Jean-Marc, que nunca passou do 2º ano de Medicina e, no enanto, se fazia passar por médico da OMS (sem nunca lá ter postos os pés), constituiu família e era uma figura respeitada na pequena localidade onde vivia. Quem não tenha lido o livro, não percebe muito bem, como é que Jean-Marc conseguia levar uma vida de média burguesia, com uma boa casa e bons carros. De facto, embora se perceba que ele se encarrega de sacar grandes somas de dinheiro ao sogro e a reforma dos pais, dizendo que investe esse dinheiro, com bons juros, algures, na Suíça, a coisa não está suficientemente sublinhada.
Por outro lado, no livro, Jean-Marc (que se chama Jean-Claude), é um homem que inspira confiança, admirado por todos, ponderado, calmo e tranquilo – um verdadeiro psicopata, capaz de, quando é descoberto, assassinar a mulher e os filhos, tentando dar í coisa o ar de acidente.
Pelo contrário, no filme, Jean-Marc mostra-se angustiado, nervoso, metido consigo próprio e provocando, até, alguma antipatia.
Em conclusão: mais vale ler o livro. O filme é dispensável.
Interessantes e úteis estas análises. Uma lufada de ar fresco, neste mundo dos blogues tão carente de ideias novas. Parabéns pelo trabalho e continue por aí. Vai bem. Cumps.