Só agora comento a mensagem de Natal do nosso querido primeiro-ministro porque fiquei tão emocionado com ela que tenho passado os dias a chorar e não quis molhar o teclado do portátil.
Hoje, já mais restabelecido da emoção, arranjei coragem para compor estas linhas.
Passos Coelho disse-nos, por exemplo, que «o desemprego tem vindo a descer mês após mês, e em particular, o desemprego jovem».
Claro que os registos do Instituto Nacional de Estatística mostram que, em Dezembro de 2012, os jovens desempregados, entre os 15 e os 24 anos, eram 243 mil e que, este ano, esse número subiu para 260 mil – mas todos nós sabemos o que são estatísticas, não é?
Se dizem que cada dois portugueses comem, em média, um frango, e o outro português não gostar de frango, isso quer dizer que eu como o frango todo – o que não é verdade!
Mas Passos disse mais.
Disse que a nossa «economia começou a crescer e acima do ritmo da Europa».
E vieram logo dizer que a economia portuguesa recuou 2% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao período homólogo do ano passado, enquanto que, na União Europa, essa quebra foi apenas de 0,1%.
Francamente, baterem no homem por ninharias!
O que são 1 ou 2% a mais ou a menos se não pentelhinhos?!
Finalmente, o nosso valoroso primeiro-ministro afirmou que «face ao 1º trimestre de 2013 houve 120 mil postos de trabalho criados.»
E vieram logo dizer que era mentira, que, afinal, apenas se tinham criado 22 mil novos postos de trabalho!
É preciso ter espírito de contradição! 120 mil, 20 mil – qual a diferença?
Perguntem aos 20 mil novos empregados se estão satisfeitos ou não?
Dizem também que emigraram mais de 100 mil portugueses este ano?
E depois? Se esses estiverem desempregados, a culpa é dos países para onde foram! O nosso competente primeiro-ministro não tem culpa nenhuma!
Em resumo: Passos não quis estragar-nos o Natal.
Não é nesta altura do ano que se diz í s criancinhas que o Pai Natal não existe.
Nesse sentido, Passos Coelho decidiu que, em vez de nos enviar uma mensagem, seria mais suave dar-nos uma massagem de Natal.
Massajou-nos bem com aquelas palavras doces, para nos poder continuar a lixar por mais dois anos…