Ao ler este livro de Bukowski (1920-1974) é forçoso pensar em Henry Miller (1891-1980). Os pontos de contacto são vários: ambos os autores foram carteiros, antes de começarem a viver da escrita, ambos viveram vidas atribuladas, ambos escreveram sobre sexo.
Talvez esteja a dizer algo que não corresponde í verdade, mas parece-me que Bukowski foi beber aos escritos de Miller, publicados nos anos 40 e 50 (Sexus, Nexus, Plexus, os Trópicos e, sobretudo, Opus Pistorum, o romance pornográfico que Miller escreveu a um dólar por página).
Mas Bukowski é mais duro que Miller e, sobretudo, muito mais obsceno.
Este Mulheres é só beber, vomitar e foder.
Se Bukowski ainda fosse vivo, estaria a ser linchado pelo movimento MeToo.
Neste livro, é uma mulher atrás de outra, que ele fode e deita fora, para ir foder outra, e o livro é uma sucessão de encontros e desencontros, sempre com o objectivo de foder, depois de se beber muito e de se vomitar ainda mais.
Parece escabroso – e é – mas o livro acaba por ter interesse por isso mesmo: procurar entender o vazio da vida de Henry Chinasky (alter ego do autor) que, chegado aos 50 anos, vive sozinho, embebedando-se todos os dias, ganhando a vida lendo poemas em clubes de má fama e dizendo que se tornou escritor para poder dormir até ao meio-dia. E ter sexo com muitas mulheres, claro – mulheres que querem foder com um escritor, que também bebem muito, snifam coca, fumam ganzas e têm vidas de merda.
Outro livro de Bukowski: Música para Aguardente