A recente epidemia de hepatite A dá direito a grandes dislates.
Facto: a hepatite A transmite-se por via fecal-oral.
Quando comecei a trabalhar como médico, em 1978, ainda apareciam alguns casos raros, relacionados com os muitos bairros de barracas que existiam em Lisboa e arredores, a inexistência de esgotos, a pobreza extrema de um país a sair ainda de um atraso de décadas.
As condições sanitárias melhoraram progressivamente e os casos de hepatite A tornaram-se episódicos.
Voltaram agora, aparentemente relacionados com práticas sexuais que envolvem múltiplos contactos e pouca higiene.
Ora, se a transmissão do vírus se faz por via fecal-oral, o excelente jornal Sol, chega a esta conclusão:
Sim, de facto, se eu estiver infectado, for í casa de banho cagar, limpar o cu e, de seguida, sem lavar as  mãos, for comer amendoins servidos numa taça e se, depois, outra pessoa qualquer, comer amendoins dessa mesma taça, essa pessoa pode apanhar hepatite A.
Do mesmo modo, se eu estiver infectado com o vírus da hepatite A e tiver o péssimo hábito de enfiar o meu telemóvel no cu e, depois, o emprestar a outra pessoa, posso estar a transmitir-lhe o vírus.
Ora se fossem dar banho ao cão (com as mãos lavadas, claro)!