Estava muito melhor das costas. Sem dúvida.
Nunca mais tinha tido dores, como aquelas que a deixavam de rastos.
E todas as melhoras se deviam í enxada.
Desde que ficara viúva que passara ela a tomar conta da horta. Era ela que cavava e plantava as batatas e o feijão verde e as alfaces.
Não há melhor exercício do que cavar, anunciava, toda fresca, apesar dos quase 80 anos.
Mas arrancar ervas é que era mais complicado. Ali, agachada, horas seguidas…
Decidiu contratar um homem, que lhe pediu 50 euros e, que depois de algum choradinho, baixou para 40.
O homem foi no dia seguinte e ela aproveitou para fazer umas compras.
Quando regressou a casa, estava o homem sentado í sombra da figueira. Que estava cansado, disse. E que tinha fome, acrescentou.
Ela preparou-lhe uma sandes com ovo mexido e outra com presunto e queijo, que o homem empurrou com a ajuda de uma mini que estava perdida lá no frigorífico.
Quando acabou de comer, o homem continuava cansado. Disse que voltava no dia seguinte para acabar o trabalho, mas que ela lhe tinha que pagar mais 20 euros.
Quer dizer: os 50, que baixou para os 40, passavam agora a ser 60!
Não, muito obrigado – arranco eu o resto das ervas, exclamou ela.
E arrancou, toda curvada e sem sinal de dores nas costas!
Depois, juntou as ervas todas num monte e pegou-lhes fogo.
Veio a autoridade e multou-a: 120 euros por estar a fazer uma queimada não autorizada!
Afinal, dos 40 euros que pensava gastar, acabou por desembolsar 160!
Agora, assim que aparece uma erva, arranca-a logo pela raiz!
O exercício só faz é bem…