Confesso que nunca tinha ouvido falar de Annie Ernaux. Claro que o facto de esta escritora francesa , nascida na Normandia em 1940, ter ganho o Nobel deste ano, me despertou a curiosidade ““ sobretudo depois de ter lido uma entrevista sua que veio publicada no Expresso.
Comecei por ler este “…O Acontecimento”, publicado há 22 anos. É um livrinho que se lê num par de horas porque não chega í s 90 páginas.
Ernaux, que afirma que todos os seus livros são biográficos, tem a coragem de contar como, em 1963, se submeteu a um aborto clandestino, que a fez sentir-se humilhada, abandonada e em risco de vida. Afinal, ela era uma estudante universitária e, no entanto, no que respeita ao problema que enfrentava, tanto fazia.
Embora nunca tenhamos passado por nada de semelhante, sabemos muito bem o que era, uma década depois, continuar a basear a anticoncepção no famoso método Ogino e não ter ninguém que nos informasse melhor.
Annie Ernaux descreve os factos numa linguagem simples, mas emotiva e consegue transmitir-nos a angústia por que passou nesses tempos.
Vou já iniciar a leitura de mais um livro desta escritora francesa.