Nas suas horas de lazer, gostava de se sentar na esplanada do pequeno café e desenhar.
Com o lápis bem afiado e o bloco de papel cavalinho, desenhava casas, autocarros, transeuntes.
Certo dia (estas coisas acontecem sempre certo dia), uma jovem acercou-se dele. Era perturbadoramente bela e o lápis logo lhe tremeu.
“…Quer desenhar-me?” ““ perguntou ela e a sua voz era música.
Ele fez que sim com a cabeça, com a garganta demasiado seca para falar.
“…Então eu vou posar ali…” ““ disse ela, apontando para o passeio em frente da esplanada.
E com uma elegância celestial, atravessou a rua, subiu ao primeiro andar do prédio em frente e atirou-se da janela. Infelizmente não conseguiu pousar e esborrachou-se no passeio.
Foi muito mais difícil desenhá-la naquele estado…
in Pão com Manteiga, 3ª temporada, 9/7/1988