Rita Redshoes é uma menina que canta e até já editou alguns discos de música pop, cantada em inglês (daí o apelido, que Sapatos Vermelhos soaria foleiro…)
Não satisfeita com a música, decidiu, também, escrever um livro.
Pior: decidiu publicar um livro!
Chama-se “Sonhos de uma Rapariga Quase Normal” (edição Guerra & Paz) e o Diário de Notícias dedica-lhe, hoje, uma página inteira, com chamada de primeira página.
E essa chamada diz: «Passos Coelho pediu a Rita em casamento. E ela disse que sim».
A acompanhar esta frase bombástica, uma foto da menina, ocupando um quarto da primeira página do jornal.
Que se passa, afinal?
Afinal, foi simplesmente um sonho da Ritinha.
Pois a Ritinha lembrou-se de tomar nota dos seus sonhos e, não satisfeita com isso, vertê-los para livro e publicá-los!
Que ideia genial!
Vale a pena transcrever a prosa transcendente do livro da Rita.
«Boa tarde. Peço desculpa por incomodar, mas há coisas na vida inexplicáveis, encontros, certezas… e uma dessas coisas aconteceu-me agora mesmo quando a vi entrar. Rita, aceitas ser minha noiva?, pergunta-lhe o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. “Sim”, responde-lhe Rita Redshoes. “Eu respondi sim! Sim… e até mesmo no próprio sonho me lembro de ter pensado que estava completamente louca”, escreve a artista, contando o que se passou na noite de 15 para 16 de fevereiro de 2014».
Felizmente, a Rita conta no livro que também sonhou com António Costa, e assim a Oposição não fica zangada…
O artigo não especifica se Rita é suficientemente democrática para ter sonhado, também, com Paulo Portas, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e Garcia Pereira, mas ficamos a saber que sonhou com Pinto da Costa, Obama, Maria Callas e José Rodrigues dos Santos.
Confesso que fiquei com curiosidade, não para saber o conteúdo desses sonhos, para para saber o que levou o Diário de Notícias a publicar isto, ainda por cima, no suplemento Mais Artes.
Depois da biografia em que revela que Portas se demitiu por sms, só faltava a Passos Coelho um livro de uma jovem cantora que confessa que, pelo menos simbolicamente, desejava casar com ele.
Claro que o Freud poderia explicar isto, se valesse a pena.
Não vale.
Será possível que O Coiso não tenha visto o polícia das luvas pretas a dar porrada num pacato cidadão?
Li alguns dos textos e é muito mas muito pior do que í espera… Não tem interesse rigorosamente nenhum, a escrita parece de uma criança de 13 anos… Todos temos liberdade para fazermos aquilo que queremos e a arte é muito subjectiva, mas a Rita ao publicar este livro só se está a prejudicar… Enfim, que triste…