Hoje estava para escrever um texto sobre a privatização da TAP, tão transparente que ninguém sabe como vai ser, ou sobre a visita do Passos Coelho í Turquia e o facto do gajo falar tão mal inglês – aliás, falar tão mal em inglês como fala em português -, ou sobre os Pandur comprados por Paulo Portas e cujas contrapartidas nunca foram realizadas (e não esquecer os submarinos), ou sobre o Orçamento de 2013, que me vai lixar completamente o meu rendimento e que me vai obrigar a trabalhar cerca de 9 meses para pagar os impostos.
Estava para escrever uma merda qualquer para humilhar estes cabrões todos, mas o Diário de Notícias, como é habitual, proporcionou-me uns momentos de descontracção com a notícia intitulada “Paixão obsessiva leva mulher a raptar homem”, da autoria de Lília Bernardes, proveniente do Funchal.
E não resisti.
Ora, comecemos:
«Paixão não correspondida associada a um alegado distúrbio de personalidade levaram uma mulher de 47 anos, apoiada por duas amigas de 17 e 18 anos, a sequestrar na Madeira um homem de 57 anos de idade, mantendo-o durante quatro dias no interior de uma residência localizada no município da Ponta do Sol. Segundo a PJ, o trio está “fortemente indiciado pela prática de crime de sequestro”»
A história promete… Aposto que muitos homens de 57 anos pagariam para ser sequestrados por três mulheres, sobretudo quando duas delas têm 17 e 18 anos… mas para a PJ, que é uma desmancha-prazeres, isto é crime!
Curioso, também, o facto da jornalista, além de ter dificuldade em colocar vírgulas no texto, frisar que as mulheres mantiveram o homem sequestrado “no interior de uma residência”. Ainda bem que não o mantiveram no exterior…
Mais í frente, outra informação curiosa:
«De acordo com as informações recolhidas, o homem não terá sofrido maus tratos durante o cativeiro, tendo sido as próprias mulheres a libertá-lo devido a um agravamento do seu estado de saúde».
Imagino o que é que aquelas três malucas terão feito ao pobre do homem, que ficou tão fraquinho que o tiveram que libertar! Chupadinho das carochas, certamente!
E a jornalista acrescenta:
«Trata-se, portanto, e segundo uma fonte consultada pelo DN, da história de uma mulher de 47 anos que dá sinais de uma “obsessão amorosa”, definindo-se por um conjunto de ideias fixas ou pensamentos de carácter persecutório, em que a vontade do outro é não é levada em conta».
Não, não me enganei, é mesmo assim: «é não é levada em conta».
E ainda:
«Ou seja, a mulher tinha a “sensação” de que o homem gostava dela e que sem uma relação com ele a sua vida não teria sentido í vida, não lhe importando se era correspondida ou não».
E mais uma vez, não, não me enganei, é mesmo: «a sua vida não teria sentido í vida»!
Uma pessoa lê e não acredita!
Lília Bernardes explica que «esta história só chega í s malhas da justiça porque houve uma denúncia e queixa por parte do visado ou familiares».
Ainda bem, caramba! Se não, a malta não conheceria esta história maravilhosa…
Ou, como diz a jornalista: «a história morria entre quatro paredes».
Xiça!
Não posso deixar de comentar.Há que agradecer a todos os intervenientes.Sequestradoras,P.J, Diário de Notícias, e até aos familiares.
Sem êles esta história teria ficado,exactamente como a privatização da TAP, ou as contrapartidas dos Pandur, ou mesmo o Orçamento de Estado — quero dizer que nunca saberiamos o que aconteceu.
Obrigado a todos e ao “Coiso”, sempre na primeira linha da informação em Portugal.
Ou seja, “a história morria entre quatro paredes”!…