Para quem, como eu, já leu 15 livros de Philip Roth, este autobiográfico Os Factos, ajuda a perceber a escrita do autor norte-americano.
Nascido no seio de uma família judaica humilde, Roth não renega as suas origens mas revela-se ateu, o que faz com que as suas primeiras obras sejam muito mal recebidas pela comunidade judaica.
Em Os Factos, o autor fala detalhadamente dos seus pais e irmão, de como foi a sua infância no ambiente de um bairro judaico e descreve, também em pormenor, o seu primeiro casamento, que o marcou profundamente – aliás, a sua primeira mulher, que haveria de falecer num acidente de automóvel, serve de inspiração para as personagens perturbadas de alguns dos seus romances.
Em alguns dos seus romances, Zuckerman é a personagem central e este Zuckerman, no fundo, é um alter ego de Roth.
No final de Os Factos, Zuckerman escreve uma carta a Roth, criticando o livro, pondo em causa algumas atitudes do autor, o que mantém o jogo entre as duas personagens. Além disso, consultando a biografia de Roth, verificamos que mesmo alguns episódios contados em Os Factos, que deveriam ser autobiográficos, são romanceados…
Um livro interessante para quem conhece a obra de Roth.
Tenho de ler, então.