Todos os anos, o Expresso elege as figuras nacional e internacional do ano.
A redacção escolhe um lote de candidatos e, depois, procede-se í votação.
Este ano, escolheram para candidatos a figuras nacionais do ano, o cardeal Tolentino Mendonça, António Costa, Margarida Matos Rosa, Jorge Jesus, Joacine Katar Moreira e o fascista André Ventura.
Para figuras internacionais do ano, escolheram Donald Trump, Boris Johnson, Ursula Von Der Leven e Greta Thunberg.
Não vou comentar estas escolhas. Os jornalistas do Expresso lá sabem por que carga de água metem no mesmo saco um treinador de futebol que ganhou a Taça dos Libertadores e um primeiro-ministro que conseguiu concluir quatro anos de governo com o apoio do PCP, um cardeal que foi nomeado responsável pelo arquivo do Vaticano e um tipo que comenta jogos de futebol e que foi eleito para o Parlamento por um partido chamado Chega!, com ponto de exclamação e tudo…
As escolhas internacionais são muito mais coerentes: um presidente, um primeiro ministro, uma líder da União Europeia e uma activista pelo clima.
No que respeita í escolha da figura internacional do ano, a redacção do Expresso escolheu a Greta Thunberg.
Escolha óbvia. A adolescente sueca arrastou multidões, trouxe a discussão das alterações climáticas para as primeiras páginas e conseguiu irritar muita gente.
Já no que respeita í escolha da figura nacional, o Expresso decidiu-se pelo cardeal Tolentino Mendonça – decisão corporativa, já que o cardeal colabora com o Expresso há alguns anos, com uma coluna semanal. De resto, que importância tem para o comum dos portugueses o facto do cardeal ter sido nomeado para um cargo importante no Vaticano? Poderá vir a ser Papa? E depois?…
Mas o que mais me interessa nesta iniciativa do Expresso é que o semanário decidiu pí´r í votação dos leitores a escolha das figuras do ano.
É uma atracção fatal.
Abomino programas do estilo fórum, em que os ouvintes/telespectadores são convidados a dar a sua opinião sobre tudo. O Sr. Vitorino, reformado de cascais, telefona a dizer a sua douta opinião sobre os incêndios, as inundações ou Orçamento do Estado, assim como sobre as carreiras fluviais do Tejo ou os novos passes sociais.
Desta maneira, as estações de rádio e televisão enchem horas de emissão com opiniões bacocas e, muitas vezes, ideias erradas, nunca contrariadas e que passam como verdadeiras.
E qual foi o resultado da votação dos leitores do Expresso?
Simples: André Ventura e Donald Trump!
Trump conseguiu 52% dos votos dos leitores do Expresso, enquanto Ventura arrebatou 89% dos votos!
Espectacular!
Isto quer dizer que quase 9 em cada 10 leitores do Expresso acham que André Ventura foi a figura nacional mais importante de 2019.
Se eu fosse director do Expresso, demitia-me!…