D. Afonso Henriques era um homenzarrão com 2 metros de altura ou um enfezado caga-tacos que mal podia com a própria espada?
O Fundador terá morrido aos 76 anos, como dizem alguns, ou já depois dos 90, como dizem outros?
Terá mesmo partido uma perna, passando a deslocar-se sempre aos ombros de lacaios, ou preferiu esse meio de transporte porque não passava de um grande preguiçoso?
Foi para responder a estas e outras perguntas que a antropóloga e bióloga da Universidade de Coimbra, Eugénia Cunha, pediu autorização ao IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico) para estudar os ossos do primeiro rei português, depositados na igreja do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.
O pedido foi feito em Julho do ano passado e a autorização foi dada há poucas semanas. Eugénia Cunha arranjou patrocínios privados para alugar um laser tridimensional de alta precisão, único na Europa, e que só estaria disponível ontem. Depois, a máquina regressará a Granada, para seguir viagem para o México. Com essa máquina, seria possível reconstituir, por exemplo, as feições do nosso Afonso.
Estava já tudo a postos, as gruas e os andaimes, e a pedra do túmulo já arredada, quando chegou alguém a dizer que a coisa tinha que ser cancelada porque ninguém tinha avisado a ministra da Cultura.
E sem o aval da ministra da Cultura, ninguém pode mexer nos ossos do Afonso Henriques.
Parece-me correcto.
Para os portugueses, é fundamental que Afonso Henriques continue a ser aquele tipo indomável, que deu uma chapada na mãe, que enfrentou a Santa Sé e que, do alto dos seus dois metros, dava espadeirada nos mouros.
A nossa auto-estima, depois da derrota com a França, exige que assim seja!
Imaginem que Eugénia Cunha descobria, por exemplo, que, afinal, o nosso primeiro rei era mesmo um lingrinhas, que só conseguiu derrotar os mouros com a ajuda do árbitro!
Aliás, só não conseguiu conquistar a Espanha, por causa daquele penalty ao minuto 90, naquele jogo em Aljubarrota…
parece correcto que a Ministra da Cultura seja avisada,mas ….Ainda parece mais importante que o Ministro da Saúde dê o seu aval –é uma espécie de autopsia, que deverá ser feita com regras. Por outro lado, penso que o Ministro da Justiça deverá ter sempre uma palavra,uma vez que a família Henriques não poderá dar o seu consentimento.
Julgo que, bem consideradinho tudo, talvez dentro de uns 4 ou 5 anos a Eugénia Cunha poderá fazer o seu estudo.
Infelizmente o Mundial acabou e com ele, toda a aura de progresso. Voltámos ao século passado, ou mesmo ao anterior. Ou terá sido coincidência?