História de Uma Maria dos Prazeres

Maria dos Prazeres não os tinha.

Sedenta de prazer, Maria dos Prazeres procurava-os todos os dias da sua vida. Em vão.

Não sentia o prazer da mesa, não sentia prazer com uma excelente bebida gelada, o sono não lhe dava prazer, o sol lambendo-lhe a pela era-lhe indiferente. També não era no amor que Maria dos Prazeres os encontrava. Saltitou de amante em amante, sempre sem prazer. Experimentou tudo o que havia para experimentar e, de prazer, nada.

Desesperada, Maria dos Prazeres foi ao médico.

O clínico escutou-lhe a hitória e, interessado, pediu-lhe que se deitasse sobre a marquesa.

“…Relaxe-se” ““ disse o médico.

Maria dos Prazeres relaxou-se.

“…Relaxe-se ainda mais” ““ pediu o médico.

Maira dos Prazeres relaxou-se ainda mais.

O médico aproximou-se e colocou o estetoscópio sobre o tórax de Maria dos Prazeres.

Foi o êxtase.

Hoje vivem felizes, Maria dos Prazeres e o estetoscópio.

  • in Pão Com Manteiga, 3ª temporada, 9.7.1988 e A Capital, 21.7.1988

“Oh William!”, de Elizabeth Strout (2021)

De Elizabeth Strout, tinha lido o excelente “…Olivia Kitteridge“, livro com o qual venceu o Pullitzer.

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Neste “…Oh William”, Strout retoma uma sua personagem, a escritora Lucy Barton que, num tom coloquial, nos conta alguns episódios da sua vida e do seu relacionamento com um dos seus ex-maridos, William, que descobre que, afinal, tem uma meia irmã, de quem a sua mãe nunca lhe falou.

O livro tem uma estrutura narrativa contínua, isto é, não está dividido em capítulos, mas em pequenos textos em que a narradora, Lucy, nos vai contando o que se passa, como se estivesse sentada na nossa sala.

Fiquei com muita curiosidade em conhecer os restantes livros desta escritora.

Como combater a insónia

E há também aquela história do homem que sofria de insónias.

Experimentou contar carneiros: Mário de Sá Carneiro, Carneiro Jacinto, Roberto Carneiro, Sá Carneiro, Soares Carneiro…

Não resultou.

Foi então que descobriu um sistema infalível.

Naquela noite deitou-se, semicerrou os olhos e começou a contar Antónios: António Vitorino de Almeida, António José Saraiva, António Calvário, António Salazar, Francisco António Sá Carneiro, António Spínola, António Costa Gomes, António Ramalho Eanes, António Lopes Ribeiro, António Lobo Antunes, Marco António, António Guterres, António Costa…

  • in Pão com Manteiga, 3ª temporada, 21.5.1988

God bury the queen!

Não há meio de enterrarem a senhora, caramba!

Desde que a rainha morreu, já lá vão cinco dias, que as televisões não largam o osso! Longas e intermináveis reportagens sobre o protocolo London Bridge preenchem os telejornais e os repórteres, de vestido negro, elas, de gravata preta, eles, com ar compungido, descrevem-nos, ao pormenor, o dito protocolo.

Ficamos a saber a que horas o corpo da rainha sai de um lado e vai para outro, a que horas o novo rei calça os sapatos e aperta o nó da gravata, quantos dias vai ficar o féretro ““ sim, o féretro, porque a realiza vai num féretro, enquanto a malta vai num caixão ““ quantos dias o féretro vai ficar exposto para que os súbditos possam ir prestar a sua vassalagem, e mais uma série de pintelhices, como se eu precisasse de saber essas coisas, como se eu fosse alguma vez olhar para um caixão, ainda por cima de uma rainha, ainda por cima estrangeira!

Claro que eu posso sempre desligar a televisão, mas o hábito é antigo; desde pequenino que vejo telejornais…

A saloiice das televisões tem sido manifesta, o espanto dos repórteres é evidente, os apresentadores salivam-se e ainda faltam mais cinco dias para isto tudo terminar.

Será a altura de alterar um pouco o hino e gritar God bury the queen!

Please!

A vulva

Que confusões que para aí vão por causa da vulva!… Cada pessoa tem a sua opinião, a sua concepção da vulva. E, no entanto, na maioria dos casos. Estão enganados. Um breve inquérito realizado pelo telefone revelou as respostas mais surpreendentes.  Para além dos habituais impropérios e de temos sido convidados a visitar locais pouco recomendados, alguns inquiridos disseram que vulva era vagina, púbis, um órgão dos sentidos, nome de um conjunto rock português, a capital do Laos, título de um romance de Harold Robbins e até uma marca de caramelos.

Por isso, e para que não se estabeleçam mais confusões com a vulva, vamos descrevê-la anatomicamente, com o rigor habitual.

Para começar, é bom esclarecer que a vulva é o nome dado ao conjunto dos órgãos genitais externos da mulher. é de facto um conjunto, mas não de rock português, como afirmava um dos inquiridos.

Todas as descrições anatómicas se tornam fastidiosas se não foram acompanhadas por uma observação directa. Não há nada como juntar a teoria í  prática. E isto é dos livros.

Portanto, observe-a enquanto escuta a descrição.

A vulva é ocupada, na sua parte média, por uma depressão (o vestíbulo), no fundo da qual se abrem a uretra e a vagina ““ o que quer dizer que esta não pertence í  vulva, embora lá vá dar. Ponto assente.

O vestíbulo é limitado, lateralmente, pelos pequenos e grandes lábios. Enquanto os grandes se juntam para formar o monte de Vénus, os pequenos juntam-se ao clitóris, seguindo a regra de que muitos poucos fazem muito. O clitóris (cuja pronúncia continua em dúvida) é formado por dois órgãos erécteis: os corpos cavernosos. Mas existem ainda outros dois órgãos erécteis: os bulbos vestibulares, colocados um de cada lado do orifício vaginal.

Finalmente, a vulva possui ainda duas glândulas de Bartholin ““ também uma de cada lado do orifício vaginal, com a importante missão de lubrificar todo o conjunto.

Esperamos que a descrição não tenha sido demasiado rápida e que tenha conseguido acompanhá-la.

Mas para o caso de se ter perdido a meio da vulva, vamos resumir rapidamente: a vulva é o conjuntos dos órgãos genitais externos da mulher, a saber (e vá conferindo): vestíbulo, grandes lábios, pequenos lábios, monte de Vénus, clitóris, corpos cavernosos, bulbos vestibulares e glândulas de Bartholin. Estão todos?

Pronto ““ isto é a vulva… o resto é paisagem… desfrute-a…

  • in “Uma Vez por Semana”, Rádio Comercial,17.5.1986

Quando a esmola é muita…

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia e ainda a política de covid zero na China, levou a uma inflação na Europa de 9%, a maior nos últimos 30 e tal anos.

Os governos têm desenvolvido medidas para tentar minimizar os efeitos da inflação.

Há dois dias, foi a vez do governo português.

Entre outras coisas, vai dar, a cada português que ganhe menos de 2700 euros por mês, um cheque de 125 euros e mais 50 euros por cada filho.

Quanto aos pensionistas, dá-lhes metade da pensão já no próximo mês e, em janeiro, aumenta-lhes a pensão em 4 e picos %.

Os pobres desconfiaram logo…

Para que é que querem 125 euros? Serve para quê?

Ao preço a que está o gasóleo, nem dá para ir ao Porto ver o sítio onde estava o coração do D. Pedro!

E só 50 euros por cada filho? Nem dá para comprar uma mochila como deve ser para o novo ano escolar!

E os pensionistas? Deviam ser aumentados, em janeiro, cerca de 8%, segundo a fórmula inventada pelo Vieira da Silva. Assim, recebem meia pensão agora em outubro, gastam-na toda em raspadinhas e, em janeiro, só são aumentados 4%.

Que roubalheira!

A descida do iva da electricidade para 6% também é outra medida pequenina. Quem tem a electricidade a 6%? Só a malta que usa petromax!

O nosso segundo ministro, Rebelo de Sousa, disse que as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro Costa, eram equilibradas e pirou-se para o Brasil para contar a vida de D. Pedro ao Bolsonaro em vinte minutos.

Que saudades do Passos Coelho!

Acabava com esta polémica de uma vez por todas: cortava já o subsídio de Natal a toda a gente e acabava com as reformas principescas de 800 euros para cima!

Pesquisa lingual

Foi quando os seus lábios se encontraram que ela reparou na complexidade da língua. Que órgão maravilhoso aquele!…

Lentamente, minuciosamente, notou que a língua ocupava a parte média da cavidade bucal, sendo mais ou menos ovalar, com uma grande extremidade posterior e terminando por uma ponta, í  frente.

Paulatinamente, com o rigor dos cientistas, percorreu a sua face dorsal, os seus bordos, a sua ponta, e percebeu que todos eram revestidos por uma mucosa. Mais ao fundo, na base, notou que a língua se ligava através de numerosos músculos ao oso hioide, ao maxilar inferior, í  abóbada palatina e í  apófise estiloide.

Já sabia ““ até porque não era nenhuma ignorante ““ que a língua era a sede dos órgãos do gosto, mas só então reparou que, graças a tantos músculos, ela possuía uma mobilidade verdadeiramente fantástica ““ o que explicava a sua participação na deglutição, na mastigação, na fonação e também naquele beijo prolongado e científico.

Cada vez mais interessada, ainda notou que a face superior ou dorsal da língua estava dividida em duas partes por um sulco em forma de vê, aberto í  frente. Mas o seu estudo ficou por aí. Ligeiramente roxo, ele empurrou-a ofegante, abriu a janela de par em par e aspirou uma boa dose de oxigénio, jurando para si próprio que nunca mais beijaria uma estudante de Anatomia…

  • in “Uma Vez por Semana – o seu programa sexual”, Rádio Comercial, 8/2/1986

Pequeno Dicionário

Pequena nota introdutória: a letra “…A” do nosso Pequeno Dicionário saiu inopinadamente, sem qualquer explicação prévia. O que pretendemos com a edição deste Pequeno Dicionário? Por que razão incluímos o termo Aspirina, ignorando Agripina? Será isto um Dicionário ou, antes, uma Enciclopédia? Perguntas legítimas, mas í s quais não nos apetece responder. Portanto, passamos í  letra Bê.

BACHAREL ““ estilista francês (1555-?), bem nascido e razoavelmente inteligente. Ficou conhecido no mundo da moda pela invenção de um molho (exactamente o molho Bacharel), que também serve de perfume (o famoso perfume Ba-charel). Morreu pobre.

BLANDÍCIA ““ corista italiana, famosa por ser coxa, exactameente da perna cuja coxa era a mais apreciada pela geral. Em meados do século, sempre que ela entrava em palco, saíam diversos espectadores em braços, atacados de comoção eréctil. Conseguia fazer strip-tease sem se despir. Morreu pobre.

BRIOCHE ““ general belga que não participou nas invasões francesas por uma questão de latitude. Morreu paupérrimo.

BRONCOPNEUMONIA ““ linha de caminho de ferro da Transilvânia, que ligas as cidades de Bronco (2 habitantes, um deles cão) e de Pneumonia (565 habitantes recenseadas e mais de mil a monte). Construída entre 1898 e 1756, a linha de Bronco-Pneumonia só ficou concluída dez anos depois. Os comboios não páram nas estações, limitando-se a abrandar ““ o que torna o espectáculo muito mais engraçado.

BUCELAS ““ viniviticultor português do século XV, inventor do vinho de Reguengos e da aguardente de canas de Senhorim. Nunca revelou o seu segredo e morreu pobre.

BíšFALO ““ alcunha de Boi Bill, famoso cowboy sul-americano, conhecido pelo modo como dominava as vacas com um simples assobio. Era mudo e morreu pobre.

BUJIGANGA ““ desenhadora de modas, natural do estado do Ohio que, numa tarde de inspiração, em vésperas do seu casamento com Joseph Wrangler Lee Lewis, conheceu um obscuro rapaz, de nome Tony Old Chap Lois, filho de Luíza Miura. Desse conhecimento, nasceram as calças de ganga, ainda hoje muito usadas nas minas, onde são retiradas do minério principal. Morreu pobre.

BUZIO ““ poeta português, de ascendência marítima. O seu poema mais famoso termina com a c´lebre frase “…em cima da cama o púzio”. Morreu pobre.

  • in jornal Pau de Canela, 24.5.1985

“Informadores da Pide – Uma Tragédia Portuguesa” – de Irene Flunser Pimentel (2022)

Em plena época de incêndios, apete dizer que Portugal é um país de incendiários.

Não é verdade.

O que Portugal é, é um país de delatores, de denunciantes, de traidores ““ pelo menos, é este o sentimento que fica depois de ler este brilhante livro de Irene Flunser Pimentel que, sem juízos de valor (a não ser nas notas finais, também elas brilhantes) nos conta a história desta verdadeira tragédia portuguesa.

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Quantos terão sido os informadores da Pide? Talvez cerca de 20 mil!

Não se sabe ao certo quantos foram, mas foram muitos milhares e instalaram na sociedade portuguesa o clima de medo que todos (pelo menos os da minha geração) sentiram, nos anos da ditadura. Transcrevo da página 166:

“…O facto de muitos anónimos escreverem recorrentemente ao Ministério do Interior e í  PIDE a oferecerem os seus serviços como informadores é revelador de que existia, no seio da população portuguesa, uma espalhada cultura de denúncia. Se foi um facto que a PIDE/DGS teve muitos informadores, a principal razão da sua eficácia foi o «clima de desconfiança criado pelo pressentimento da sua existência». O mesmo terá acontecido com a escuta telefónica, com a qual a PIDE «obtinha mais vantagens» ao difundir a suspeita de que haveria um número incalculável de telefones vigiados pela polícia, do que com as escutas que efectivamente executava.”

Muitas vezes, os informadores traíam alguém em troca de algum favor, para conseguir um emprego melhor, para receber dinheiro, para obter uma casa ““ era o espírito da cunha, do favorzinho, que ainda hoje impera na nossa sociedade. Claro que, graças a essa delação, alguém era preso, talvez torturado, mas o informador não se preocupava com isso.

Portugal, um país de delatores. Exagero? Talvez não. Transcrevo da página 140:

“…O excesso de denúncias chegou mesmo a ser criticado e condenado pelos próprios ministros do Interior da ditadura, como se pode ver através de duas circulares de épocas diferentes, separadas por vinte anos, 1951 e 1971, da autoria dos então detentores dessas pastas. Preocupado com a quantidade de denúncias anónimas ou de candidaturas a informador que regularmente lhe chegavam, o ministro do Interior, nomeado na remodelação governamental de agosto de 1950, Joaquim de Trigo Negreiros, enviou, em 11 de outubro de 1951, uma circular í  PIDE, a queixar-se da generalização da delação.”

As denúncias por vezes ““ muitas vezes ““ eram mesquinhas, como esta (página 218):

“……o mesmo elemento da polícia política denunciou o presidente da Câmara de Mourão, por ver «com indiferença o pessoal» da DGS, ao não cumprimentar, no café, o chefe e os agentes do posto fronteiriço de S. Leonardo.”

Lemos em conjunto este livro que nos fez, mais uma vez, recordar a importância do 25 de Abril de 1974 e gostaria de esfregar as suas páginas nas trombas de alguns tipos que por aí andam a tentar fazer o tempo andar para trás.

E termino citando uma das notas finais da autora:

“…Viu-se que houve informadores em toda a sociedade portuguesa, desde operários a assalariados rurais, a escriturários, comerciantes, proprietários, médicos que traíram o seu juramento, jornalistas, fotógrafos, presidentes de Câmara e directores de empresa, militares e civis, homens e mulheres, jovens e de meia-idade, padres, que transmitiram o que ouviam na confissão, professores dos vários graus de ensino que denunciaram alunos e estudantes. Viu-se também que quase todos, além de ganhos financeiros e de partilha do poder em ditadura, utilizaram o velho hábito da «cunha» para arranjar um emprego melhor ou subir na carreira da Administração Pública».

De facto, uma tragédia portuguesa!

Estou a ficar farto do Montenegro e do Toy

Continuo a ter este nefasto hábito de ler jornais e ver telejornais.

É um vício, eu sei.

Está pior desde que deixei de fumar, já lá vão 15 anos!

Agora, aposentado, leio os jornais de fio a pavio (quase leio a necrologia) e vejo os telejornais das 7, das 13 e das 20 horas.

Não tenho desculpa!

Começo, no entanto, a ficar enjoado. Sobretudo dos telejornais.

Sobretudo por causa de duas criaturas que aparecem todos os dias em todos os telejornais.

Falo do novo líder do PSD, Luís Montenegro, e do cantor Toy.

O cantor Toy, responsável por versos tão lindos como “…põe a cerveja no congelador e vamos fazer amor”, aparece antes de todos os telejornais, num spot publicitário do Intermaché. Ele canta, toca guitarra, atira-se para uma piscina e diz, sem se rir, “…não há nada melhor do que um Intermarché para frequentar”.

Antes do telejornal das 7 da manhã, mal o oiço porque ainda estou a acordar; antes do telejornal das 13, deixa-me mal-disposto; antes do telejornal das 20, já estou disposto a atirar com o chinelo ao écran.

Quanto a Luís Montenegro, a coisa ainda é pior.

As cantigas do Toy, por muito irritantes que sejam, entram por um ouvido e saem por outro ““ agora, a cantiga do Montecoiso é bem outra.

Todos os dias surge no écran a dizer qualquer coisa, sempre com aquele sorriso safardana. Quem o pode levar a sério?

Por exemplo, em relação aos problemas do SNS, diz Montecoiso que ele só melhorará quando o PS reconhecer desinvestimento histórico. Ora, sabendo que até 2015, com Passos Coelho como 1º ministro, Paulo Macedo como ministro da Saúde e Montecoiso como líder da bancada do PSD, o SNS sofreu um desinvestimento de 825 milhões de euros e que, desde que o Costa é primeiro ministro, e a Marta Temido, ministra da Saúde, o SNS já recebeu mais 3 mil milhões de investimento, só podemos concluir que o homem anda a gozar connosco.

Claro que o SNS está a atravessar um momento difícil, mas ainda se há de fazer a história desta súbita falta de médicos nas urgências. Lembram-se quando as pessoas foram para as janelas aplaudir os profissionais de saúde, felicitando-os pelo modo como estavam a enfrentar a pandemia? Não foi assim há muito tempo. Onde estão agora esses médicos e esses enfermeiros?

Em resumo, com o Toy a abrir os telejornais, com aquela barriguinha a balançar, e o Montenegro a botar faladura, com aquele sorriso sacana, estou a ficar cada vez mais bizarro.

Qualquer dia, qualquer dia…