19.10.07 – Mais um dia cheio e em cheio, dedicado í observação de animais, sobretudo, baleias, elefantes marinhos e pinguins.
Vieram buscar-nos í s 7h30 e partimos para a Península Valdez e, mais uma vez, formou-se um grupo multinacional, com espanhóis, ingleses e um casal belga, de idade bem avançada.
O nosso guia de hoje, chamado Marco, fazia jus aos naturais da Patagónia, pois devia ter, pelo menos, 2 metros de altura. Quando, nos anos 500, Magalhães e seus amigos chegaram aqui, a esta zona inóspita do mundo, verificaram que os aborígenes que a habitavam, os tehuelches (antigamente chamavam-se índios, mas indígenas ou aborígenes é mais correcto), eram muito altos e tinham uns pés muito grandes. Nesses tempos, os europeus eram relativamente baixos, í volta do 1 metro e 60 de altura, enquanto os habitantes da Patagónia teriam í volta de 1 metro e 80. Mas parece que foram os pés grandes, as patas grandes, que determinaram o nome Patagónia.
O Marco demonstrou um grande prazer em falar-nos e mostrar-nos a fauna da Península Valdez.
Começámos pelas baleias, chamadas baleias francas austrais. Vêm aqui, ao Golfo Nuevo, na Península, para se reproduzirem e por cá ficam até as crias deixarem de precisar dos cuidados das mães.
Para avistarmos estes imensos mamíferos (16 metros de comprimento e 60 toneladas de peso), fomos até Puerto Pirâmides e tomámos um barco da empresa Jorge Schmid.
Durante cerca de uma hora, navegámos nas águas calmas do Golfo Nuevo e avistámos muitos golfinhos que, ao agitarem as águas, fazem com que o peixe venha
í superfície e disso se aproveitam as gaivotas, que atacam, então, em força.
Avistámos também diversas baleias, quase todas nadando calmamente, acompanhadas pelas crias.
Não estava nada í espera deste espectáculo. Aliás, parece que esta é a melhor zona para avistar baleias; em quase todos os outros locais do mundo, as águas do oceano são muito mais agitadas e, para se avistar uma baleia é necessário esperar horas e vomitar várias vezes.
Segundo nos disseram, costuma ser sempre bastante fácil avistar baleias aqui, no golfo Nuevo e hoje ainda foi mais fácil porque não há vento nenhum.
A baleia franca austral é considerada Monumento Nacional Natural.
Para além das baleias e dos golfinhos, avistámos um casal de leões-marinhos que estavam em cima de um rochedo, como se estivessem a posar para os turistas e, claro, muitas aves.
No entanto, ver as baleias, nadando tranquilamente, mesmo junto aos barcos, foi mais um dos pontos altos desta viagem.
Depois das baleias, partimos em busca dos elefantes marinhos, em faro de Punta Delgada. Antes, porém, almoçámos, num restaurante junto ao farol. Comemos um assado de cordeiro patagónico, que dispensava de bom grado; valeram as duas empanadas de carne, que estavam boas.
Para chegar até aos elefantes marinhos, é preciso descer a encosta, até ao mar, através de um trilho mais ou menos íngreme. Lá em baixo, estivemos sentados no areal, em silêncio, observando um macho, o seu harém e os seus filhotes. Aqui, na Península Valdez, é o único local do mundo onde se podem observar estes imenso mamíferos, já que é o único local do mundo onde eles se reproduzem, e exactamente no mês de Outubro. Cada macho alfa pode pesar até três toneladas, e medir 4 a 5 metros e acasala com 10 a 15 fêmeas, embora muitas acabem por acasalar com outros machos periféricos, enquanto o macho alfa descansa, até porque, durante a época de acasalamento, ninguém come – é só fazer amor…
Durante cerca de meia hora, ali ficámos, em silêncio; apenas se escutavam os cliques das máquinas fotográficas, o chocalhar do oceano sem ondas e aquele ladrar estranho dos elefantes marinhos.
Em seguida, fomos a uma zona da Península, chamada Calheta Valdez, uma estreita língua de água que entra pela terra dentro. Aí, além de elefantes marinhos, há também pinguins. Pelo caminho, vimos maras, um roedor que é uma mistura de coelho e canguru, amarillos, uma espécie de tatu, guanacos, que são os llamas cá do sítio, e nandus, aves corredoras, da família da avestruz e da ema.
Comparada com o haveríamos de ver no dia seguinte, a pequena colónia de pinguins da Calleta Valdez é isso mesmo, pequena. Estes são os chamados pinguins de Magalhães; são muito mais pequenos que os da Antárctida – pesam cerca de 5 kg e não medem mais do que 50 centímetros.
E regressámos a Puerto Madryn, depois de mais este National Geographic ao vivo. Foram cerca de 400 km de estrada, metade em terra batida, e cerca de 11 horas de excursão.
Antes de jantarmos, ainda demos uma voltinha pela cidade, que é feia e incaracterística. Com uma vista tão espectacular sobre o oceano, aconteceu em Puerto Madryn o habitual: desataram a construir mamarrachos, que estragaram a avenida marginal. Mas o oceano ainda lá está, bem como um céu imenso que parece não mais acabar.