Folheio quatro jornais ao fim de semana: Público, Diário de Notícias, Nascer do Sol e Expresso.
í€s vezes, mais.
Indolentemente, vou virando as páginas, em busca de algo que me desperte a atenção.
Como se costuma dizer, leio as gordas.
No pasquim Nascer do Sol, deparo com esta citação de André Coelho, um dos vice-presidentes do PSD:
“…Rui Rio é uma personalidade com características humanas únicas e incomuns”.
Vê-se que André Coelho admira o seu líder ou, pelo menos, quer fazer-nos crer que o admira. O que fará de Rui Rio uma personalidade única e incomum? Possui uma imensa bondade, capaz de despir a camisa para cobrir um pobre? É dono de uma inteligência rara que ofusca todos os demais? Que características humanas incomuns terá Rui Rio? Três rins? Um coração com cinco cavidades?
Como não li a entrevista que ocupava quatro ou cinco páginas, nunca saberei por que razão André Coelho assim classifica Rui Rio.
Mais í frente, no mesmo jornal, outra entrevista, desta vez com a criminóloga Ana Guerreiro.
Destaco as gordas:
“…As mulheres não são mais que seres humanos”.
Esta deixou-me estarrecido.
E eu que pensava que as mulheres seriam uma espécie de mistura entre a humanidade e os deuses. Afinal, nada disso! Simples seres humanos, como os homens…
Mas a criminóloga diz mais:
“…As mulheres têm necessidades e vontades próprias”.
E o mito está desfeito: não só as mulheres não passam de seres humanos, como, ainda por cima, têm necessidades e vontades próprias.
Claro que, para se chegar a este tipo de conclusões definitivas, deve ter que se estudar criminologia a fundo.
Mas a melhor gorda estava guardada para o fim. Na última página do Público, João Miguel Tavares vomita todo o seu ódio por tudo o que cheire vagamente a esquerda. Três vezes por semana, se não estou em erro.
Nunca consegui acabar de ler um único texto escrito por esta criatura; acho-os banais, sem nenhuma ideia nova, sempre tendenciosos e, ainda por cima, JMT tem a mania que é engraçadinho e se há coisa que abomino são os engraçadinhos.
No topo do artigo deste sábado, a citação de JMT diz:
“…O Governo socialista é como aqueles casais sem imaginação que só conhecem duas ou três posições na cama, e as repetem incessantemente sempre que há alguma energia, ou, neste caso, muito dinheiro”.
Estão a ver?
JMT, a propósito do dinheiro que a União Europeia envia para Portugal, faz uma analogia com o sexo; pretende, portanto, ter graça.
Já o Ary dos Santos dizia, com tristeza, que, em Portugal, o humor tinha centímetros, a distância que vai do rabo ao pipi.
Mas acho curioso que o JMT ache que um casal que faça amor utilizando duas ou três posições, não tem imaginação.
Pelos vistos, JMT, além de jornalista, é muito bom na cama, imaginativo, saltando da posição de missionário para a quase-lótus, e desta para a união suspensa, saltando depois para a meia-prensa, logo seguida da giratória, e sabe-se lá que mais posições ““ coisa que o Governo socialista não é capaz.
E o mais engraçado é que, olhando para a foto de JMT que acompanha todos os seus artigos, não sou capaz de o imaginar a foder…