Em 2019, houve duas vencedoras do Man Booker Prize.
Apesar do Prémio ter Man no nome, foram duas mulheres as vencedoras: Margaret Atwood, pelo seu livro Testamentos e este excelente Rapariga, Mulher, Outra, de Bernardine Evaristo.
Quase que apetece dizer que o júri do Man Booker não se atreveu a conceder o prémio apenas í escritora anglo-nigeriana, e resolveu juntar o nome de Margaret Atwood. De facto, Rapariga, Mulher, Outra é, na minha opinião, muito melhor que Testamentos.
Evaristo nasceu em Londres em 1959, filha de uma professora inglesa e de um soldador nigeriano, quarta de oito filhos.
É autora de romance, poesia, teatro e crítica literária e, com este Rapariga, Mulher, Outra, conseguiu um dos melhores livros que li ultimamente.
Numa escrita torrencial, conta-nos as histórias de doze mulheres: Amma, uma dramaturga negra e lésbica, Shirley, sua amiga, professora, farta da profissão; Carole, ex-aluna de Shirley, uma bem-sucedida gestora de fundos de investimento, que se envergonha das suas raízes africanas, a sua mãe, Bummi, negra e empregada doméstica; e mais oito personagens femininas principais, para além de outras que cirandam í volta destas.
São quase 500 páginas de histórias que nos mantêm agarrados, e sempre com uma linguagem fresca, sem grandes rodriguinhos.
Claro que não conheço a versão original, em inglês, mas atrevo-me a dizer que a tradução de Miguel Romeira é excelente.