9.10.07 – Estamos í espera que nos chamem para almoço, na Estância El Ombu de Areco, no coração das Pampas.
O Juan foi buscar-nos í s 9h 30, para uma viagem de cerca de 1h 45, sob uma chuva diluviana. A certa altura da viagem, a cortina de chuva era opaca. Mas a coisa ainda havia de piorar com a trovoada. í€s tantas, pergunto: que fazemos nós, debaixo de um temporal destes, a caminho de sei lá onde, nas pampas argentinas?!
Chegámos perto de San António de Areco e ficámos, na estrada, í espera que um veículo 4X4 nos viesse buscar para nos transportar, ao longo de 6 míseros quilómetros, por um lamaçal imenso, até El Ombu, a estância onde vamos passar a noite. A chuva abrandara, mas o céu continuava muito carregado.
Fomos recebidos por uma holandesa que nos mostrou as instalações e o quarto e logo fomos atacados por milhares de mosquitos. O repelente ficou em Buenos Aires. Ninguém nos avisou que poderiam existir mosquitos por aqui e nós só estávamos í espera deles lá para Iguazu. A holandesa emprestou-nos um repelente, mas devia estar fora do prazo.
El Ombu é uma estância oitocentista que, para além do turismo rural, também se dedica ao gado e í agricultura. A casa está bem conservada, o quarto mantém o tecto alto e a cama de latão, bem como a lareira. Em redor, tudo verde, a perder de vista. Lá ao fundo, vacas a pastar. Aqui, í volta, frondosas árvores, entre elas o ombu, e muitos pássaros, passarinhos e passarocos, a voar e a fazer um basqueiro dos antigos, sobretudo os periquitos selvagens. Comemos uma empanada de carne, de boas vindas e ficámos por aqui, a fotografar pássaros e árvores.
í€s 13h30, fomos almoçar. A sala estava cheia: além de nós, mais 11 pessoas. A estância está lotada. O almoço foi uma tradicional parrilla argentina: carne de vaca assada sobre carvão.
Depois de um curto descanso, fomos fazer um passeio de carroça, puxada por um cavalo branco e conduzida por um gaúcho que, pelos vistos, é um célebre domador de cavalos aqui da zona. O passeio foi agradável, mas os mosquitos massacraram-nos, comeram-nos vivos, deixaram-nos as mãos e os tornozelos numa lástima; a minha querida careca, então, ficou toda aos altos, como se a inteligência quisesse saltar para fora da calote craniana.
Regressámos a tempo para um café. Depois, besuntámo-nos com cortisona.
Depois do passeio de carroça, estivemos o resto da tarde a fazer nada.
Jantámos umas coisas incomestíveis (peito de frango do campo cozido com puré de batata!) e viemos para a cama.
Depois de o sol se pí´r, o silêncio é sepulcral. Os pássaros calam-se e, ao longe, ouvem-se as cigarras. Não há TV, não há rádio, nem nada para fazer, a não ser uma mesa de snooker, que está ocupada por dois ingleses que beberam um litro de vinho ao jantar. Alternativa: ler e descansar.
10.10.07 – Segundo a descrição da viagem, hoje estaria í nossa espera “um pequeno-almoço campestre”. Em vez disso, tivemos direito a pão da véspera torrado há horas, 4 médias-lunas (croissant em argentino) mal descongeladas, uma chávena de café, 4 fatias de queijo e 4 de fiambre, 2 pacotinhos de manteiga, doce e sumo de laranja de garrafa. Que tal?
Aliás, ainda ontem nos questionávamos: como é que eles trazem os mantimentos até aqui, com aquele rio de lama a separar a estrada da estância. Resposta: não trazem.
í€s 7 e meia levantámo-nos para andar por aí, a ver a azáfama dos pássaros, que andam a fazer os ninhos (estamos na Primavera, na Argentina).
As picadas dos mosquitos estão bem visíveis, hoje, proporcionando-me excelentes altos na cabeça, no pescoço, mãos e tornozelos.
E vamos deixar El Ombu sem grandes saudades das Pampas. Este turismo rural ainda está muito atrasado, em relação ao que se faz em Portugal. A casa está “arranjadinha”, mas não é confortável; as comodidades são, de facto, escassas e o clima também não ajudou, com a chuva intensa e o ataque dos mosquitos.