Saudades da paróquia!

Estive uma dúzia de dias ausente e que saudades que eu já tinha!

Saudades do ministro da Economia, Cavaco Silva, sempre a acentuar a próxima bancarrota do país a que ele preside – se a situação é insustentável, por que razão não dissolve a Assembleia e convoca eleições antecipadas?

Saudades da discussão em redor das Scut: quando as Scut foram criadas, todos criticaram o governo por não ter criado portagens; agora, os que não queriam portagens, já as querem e os que eram a favor, são contra. E depois, ainda há a história do ex-assessor do secretário de Estado das estradas, que agora está na empresa que fornece os chips que serviriam para a cobrança electrónica! E alguém acredita que o PSD está preocupado com a privacidade dos cidadãos, ao ser contra os chips? Enredo de telenovela…

Saudades de manchetes como a do Público de ontem: «cortes na cultura ameaçam os artistas independentes». Então, se eles são independentes por que razão estão preocupados com os cortes no Orçamento do Estado? Independentes, dependentes de subsídios?

Saudades de um país que tem um primeiro-ministro, Sócrates, a ser queimado em lume brando e outro primeiro-ministro, Passos Coelho, já na calha, que se reúne com o futuro primeiro-ministro espanhol, Aznar, que praticamente já está a governar, mas que não tem coragem para fazer passar uma moção de censura ao governo e provocar eleições antecipadas, a fim de se tornar primeiro-ministro, de facto.

Saudades de um primeiro-ministro, Sócrates, que, pelos vistos, deve ser o único português que ainda acredita no país, ao ponto de afirmar: “muitas vezes sinto-me sozinho a puxar pelo país!»

Pois deve ser por isso – por estar sozinho a puxar – que o país não sai do mesmo sítio…

Houve tempos em que ele, o país, até partiu, í  descoberta, qual jangada de pedra, mas o Saramago morreu, a crise instalou-se e o país não sai da cepa torta.

Que saudades que eu já tinha da minha paróquia!

2 thoughts on “Saudades da paróquia!

  1. Para quem vem dos nórdicos chegar á Portela é complicado. Falta o verde que sai das folhas com as quase 24 horas de Sol e encontra-se o castanho claro da erva seca.
    E claro depois faltam muito mais coisas. Nos anos noventa a Finlândia tinha mais de 20% de desempregados e uns anos antes a Suécia viveu uma crise dos diabos. Duma forma comprometida ultrapassaram tudo.
    Admiro-lhe a forma responsável, planeada e séria com que encontram consensos e soluções mas em particular o conceito levado á prática extrema de que o Estado somos nós.
    Aí em 88 perguntava a um sueco do Norte porque é que o absentismo, dada a protecção social implementada, não atingia valores muito elevados?
    A resposta foi simples: Se alguém é identificado como estando em situação fraudulenta de baixa além das penalizações previstas os próprios vizinhos deixam de o considerar e excluem-no das actividades normais do bairro ou do café do dito.
    Em Portugal tal atitude é impensável. Ninguém pensa que tem de tomar conta do que também é dele.
    Coisa que eu detesto nos nórdicos: A forma como lidam com o alcool.

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