As férias também dão para isto: ver filmes em atraso.
“Slumdog Millionaire” ganhou 8 óscares, entre os quais, os óscares para melhor filme e para melhor realizador.
Parece-me correcto. Este é, de facto, o filme feito para ganhar óscares. Todos os anos há, pelo menos, um assim.
Como dizia o meu tio Zé, é “bonito e faz chorar – próprio para grávidas e pupilos do exército”.
E o filme de Boyle é, de facto, uma sucessão de clichés: desde os bairros de lata de Mombay aos estúdios televisivos da Índia, passando pela história das crianças ceguinhas valerem mais dinheiro como pedintes, do irmão envolvido na máfia dos construtores civis, de toda uma nação estar suspensa do resultado de um concurso televisivo, etc, etc.
Enfim, o esquema narrativo até tem alguma originalidade: explicar cada resposta certa do concurso, recorrendo í história do rapaz.
Mas os clichés são tantos que dão a volta, isto é, temos que os aceitar como estrutura própria do filme e dizer que, ok, vê-se com agrado, em casa, em dvd, parando, de vez em quando, para um “refill” do whisky, com as pernas esticadas em cima do tamborete, porque estamos de férias. Mas, em verdade vos digo que, se o tivesse ido ver ao cinema, tinha ficado chateado pelo tempo perdido.
E não é que o rapaz, no fim, ganha o concurso e fica com a miúda?…