1. O pai vira-se para o filho e diz:
– Se chumbares este ano, deixo de pagar o telemóvel, tiro-te a playstation e vais trabalhar para as obras.
A mãe indigna-se:
– Desculpa mas há uma linha que não deixo que seja ultrapassada: não permitirei que o meu filho vá trabalhar para as obras!
O pai reconsidera:
– Está bem, só vais trabalhar para as obras se for estritamente necessário e se eu encontrar outro castigo com o mesmo impacto.
2. O bandido vira-se para o refém e grita:
– Se não me derem o que exijo, encho-te de porrada, parto-te as pernas e dou-te um tiro nos cornos!
Lá de fora, pelo megafone, o negociador afirma:
– Tem calma, rapaz! Há uma linha que não deixo que seja ultrapassada: não permitirei que mates o refém!
O bandido reconsidera:
– Ok, só lhe dou um tiro nos cornos se for estritamente necessário e se eu descobrir outra maneira de obter o que quero!
3. Passa-se algo de semelhante com o Governo de Portugal.
Passos Coelho diz que vai cortar as pensões.
Paulo Portas diz que há uma linha que não permite que seja ultrapassada: ninguém toca nas pensões.
Passos Coelho, através do seu alter ego Vitor Gaspar, diz que as pensões só serão cortadas se for estritamente necessário e se o Governo descobrir outra medida que tenha o mesmo impacto.
A pergunta lógica é: se o parceiro da coligação não aceita que se corte nas pensões e se o ministro das Finanças admite que essa medida pode ser substituída por outra, de igual impacto, por que carga de água não riscaram essa medida da 7ª avaliação e arranjaram já outra para o seu lugar?
í“ Gaspar, estás a gozar!
Estão todos a gozar, e o pior é que é connosco…