Esta talvez seja a série mais dramática dos Sopranos.
Velhos membros da Máfia são libertados, após longos anos de prisão. Entre eles, Tony Blundetto (Steve Buscemi), primo e companheiro de infância de Tony Soprano. Foi preso quando contrabandeava cassetes Betamax. Tony Soprano devia estar com ele, nesse momento, mas teve um dos seus ataques de pânico, depois de uma discussão com a mãe e safou-se da prisão.
Por esse motivo, Soprano sente-se culpabilizado pela morte do primo e, após a sua libertação, faz tudo para o apoiar – não porque goste genuinamente dele, não porque tenha, por ele, um verdadeiro afecto. No fundo, Soprano só se preocupa com ele próprio – mas as aparências, as regras da família, a honra, tudo isso se baralha na sua cabeça de psicopata.
O mesmo se passa na cabeça das restantes personagens desta série brilhante: Christopher não hesita em denunciar a sua namorada de tantos anos, quando descobre que ela colabora com o FBI; Carmela acaba por desistir da separação, a troco de um terreno para construir uma casa, que Tony lhe compra.
No final da série, Adriana e Tony B. são sacrificados, em nome da manutenção da Família.
A série Sopranos continua a ser, aparentemente, um retrato da Máfia norte-americana – mas também, um retrato de muitas famílias que por aí há, disfuncionais, onde os afectos são substituídos por regras sociais: o pai ama o filho mas, se for necessário, é capaz de o matar (mesmo que simbolicamente) para manter a ordem estabelecida.