Stefan Klein é um biofísico alemão que se dedica ao jornalismo científico e é considerado, por António Damásio, como “o mais importante escritor sobre Neurociência, na Alemanha”.
Portanto, este “Como o Acaso Comanda as Nossas Vidas” (“Alles Zufall” – Tudo Acaso, em alemão) é um livro muito mais sério do que a capa da edição portuguesa faz prever.
Em resumo, Klein tenta provar que o acaso não só faz parte da nossa vida, como determina a maioria das decisões e dos acontecimentos. Cabe-nos, a nós, estarmos preparados para ele, tentando tirar o máximo partido do acaso.
Recorrendo í s conclusões de inúmeras experiências de outros investigadores, Klein vai mostrando que devemos estar mais atentos ao acaso e passar a contar com ele, como se fosse algo de planeado.
E ser positivo, sempre. Um exemplo:
“(…) se uma pessoa em cada dez mil está infectada com o VIH e em 99,99 por cento das vezes o teste da Sida dá o resultado correcto, o que significa então o resultado de um teste positivo? “Que a pessoa em questão adoeceu irremediavelmente”, responderia qualquer um de nós e sentir-se-ia esmagado se fossemos nós próprios a receber a notícia. De facto, porém, ainda não há motivo para desesperar: o perigo de que a triste notícia se confirme é apenas de 50%. Se, entre dez mil pessoas, uma tiver Sida, o teste acusará de certeza positivo. Entre as 9999 que não estão infectadas, 99,99 por cento, portanto 9998 pessoas, obterão um resultado negativo. Mas, no caso de uma pessoa saudável, o teste irá falhar e acusar “positivo”. Entre as dez mil pessoas que foram testadas, duas serão confrontadas, portanto, com um resultado positivo: uma que se encontra, de facto doente, e outra saudável. Isto quer então dizer que, no caso de um resultado positivo, as possibilidades de estar ou não infectado, são idênticas.”