“Filho de Deus”, de Cormac McCarthy (1973)

Conheci este autor norte-americano através do surpreendente A Estrada (2006), um dos livros que mais me marcou nos últimos anos.

cormac mccarthyLogo no ano seguinte, em 2007, Cormac McCarthy foi muito falado a propósito do filme dos irmãos Coen, No Country for Old Men, baseado no seu livro homónimo, Este País Não é Para Velhos (2005).

Fui em busca de mais livros seus.

McCarthy, vencedor do National Book Award e do Pullitzer, nasceu em 1933, em Rhode Island, mas vive há muitos anos no Texas e alguns dos seus livros têm esta zona dos States como pano de fundo.

É o caso de Suttree e de Child of God, este último baseado em factos verídicos.

O livro conta-nos a história de Lester Ballard, um solitário camponês que, afastado das suas terras, e sofrendo de graves perturbações psicóticas, inicia uma série de crimes hediondos, incluindo, por exemplo, profanação de cadáveres.

Um pequeno excerto:

filho de deus«Você não é da polícia, disse o rapaz.

Isso é cá comigo, disse Ballard. O que é que vocês os dois estão a fazer aqui?

Estávamos só aqui sentados, disse a rapariga. Tinha preso ao ombro um enfeite de folhagens de gaze com duas rosas de crepe púrpura.

Estavam-se a preparar para foder, não estavam? Observou a cara deles.

É melhor ter cuidado com a língua, disse o rapaz.

Porquê? És tu que me vais obrigar?

Deita a espingarda e vais ver.

Se estás em pulgas, salta cá para fora, disse Ballard.

O rapaz curvou-se sobre o painel de instrumentos e girou a chave na ignição, fazendo o motor soltar alguns roncos.

Larga isso da mão, disse Ballard.

O motor teimava em não pegar. O rapaz levantara o braço como se fosse dar uma pancada no cano da espingarda quando Ballard lhe deu um tiro no pescoço. Ele caiu de lado sobre o colo da rapariga. Ela juntou as mãos e pí´-las debaixo do queixo. Oh não, disse.

Ballard puxou a alavanca da arma e meteu outro cartucho na câmara. Eu avisei esse estúpido, disse ele. Ou não avisei? Não sei porque é que as pessoas se gostam de fazer surdas.»

Este é o estilo de McCarthy, sincopado, frases curtas, discurso directo e indirecto misturados, o que dá um ritmo muito especial í  narrativa.

Gosto.

Defeitos e virtudes

Bill de Blasio, o candidato democrata derrotou e esmagou o seu adversário republicano e vai ser, a partir de janeiro, o novo mayor de Nova Iorque.

O DN esclarece-nos, na primeira página, «quem é o homem que vai mandar em Nova Iorque: tem 52 anos, 1,95 m, uma mulher negra e ex-lésbica e dois filhos mulatos».

Se a mulher, além de negra e ex-lésbica, fosse também coxa e invisual, Bill de Blasio poderia ser Presidente dos EUA!…

“Ferrugem Americana”, de Phillipp Meyer (2009)

ferrugem americanaNuma das badanas do livro, pode ler-se: «Ferrugem Americana tem o carimbo de Grande Romance Americano em toda a parte. Pode dizer-se que foi beber a Ratos e Homens, Huckleberry Finn, Cormac McCarthy, Salinger e Kerouac.» (The Daily Telegraph).

E isto resume a atmosfera deste romance. Meyer conta-nos as histórias de meia-dúzia de personagens trágicas, perdidas na imensidão do continente americano, numa região, a Pensilvânia, devastada pela crise económica e pelo fecho de várias fábricas, pelo desemprego, pela desilusão. O contrário do american dream.

As personagens principais são Isaac e Poe, dois jovens adultos sem nada que fazer e sem perspectivas de futuro. A mãe de Isaac suicidou-se há pouco tempo, o pai, desloca-se numa cadeira de rodas, devido a um acidente de trabalho e a irmã, mais velha, saiu de casa, foi estudar para Yale e casou-se com um tipo rico. Poe foi jogador de futebol americano, mas agora não faz nada e vive numa roulote com a mãe, Grace.

Isaac decide partir para a Califórnia e Poe acompanha-o mas, logo na primeira noite, ao pernoitarem num armazém abandonado, são surpreendidos por três calmeirões, que os querem roubar. Da confusão que se gera, resulta a morte de um dos bandidos. É Isaac que o mata, mas é Poe que assume as culpas e vai para a prisão.

Na história entra, também, Harris, um xerife desiludido e solteirão, que dorme ocasionalmente com Grace.

A narrativa de American Rust vai avançando em capítulos curtos, cada um deles dedicado a cada uma das personagens.

E não há dúvida que é uma história tipicamente americana, que poderá dar um bom argumento cinematográfico.

PhilippmeyerPhillipp Meyer nasceu em Baltimore, em 1974, desistiu da escola aos 16 anos, trabalhou como mecânico de bicicletas e aos 20 anos, decidiu que queria ser escritor, candidatando-se í  Universidade de Cornell, onde se graduou em inglês.

Depois, trabalhou na bolsa, em Wall Street e como técnico de emergência médica. Em 2005, conseguiu um lugar na Universidade de Austin, onde escreveu Ferrugem Americana, o seu primeiro romance, que ganhou o prémio literário dos Los Angeles Times, em 2009.

Lançou agora o seu segundo livro, The Son, e vive entre Austin, Texas e Nova Iorque.

“Liberdade”, de Jonathan Franzen (2010)

“Um clássico moderno” – foi assim que The Guardian classificou este longo romance do americano Jonathan Franzen.

liberdadeE, de facto, ao lermos este “tijolo” de 684 páginas (Edição D. Quixote, tradução de Maria João Freire de Andrade), não podemos deixar de pensar nos grandes autores clássicos norte-americanos.

A história desenvolve-se em redor do casal Walter e Patty Berglund e do seu amigo Richard Katz. Os três conhecem-se na Universidade, nos finais dos anos 70 e, ao longo dos anos, vamos conhecendo as suas vidas, os seus desencontros, as suas traições, as suas reconciliações.

Patty era uma basquetebolista com algum mérito que, depois de se casar com Walter, se transforma numa dona de casa cada vez mais deprimida, reprimindo, durante muito tempo, a sua atracção física por Richard Katz, um músico rock mais ou menos falhado, cuja carreira musical tem altos e baixos.

Walter é um defensor da natureza, transformando-se num verdadeiro militante, obcecado pela conservação de várias espécies de aves nativas. Quando Patty se envolve com Richard, deixa-se, ele próprio, seduzir por Lalitha, uma outra ecologista militante, com metade da sua idade.

Franzen cria personagens credíveis e consegue manter o leitor interessado ao longo de toda a história, embora todos estes conflitos da classe média norte-americana sejam um pouco distantes da nossa realidade.

Vale a pena ler, sobretudo pelo retrato fiel da América dos últimos 40 anos.

Comer baratas faz mal í  saúde?

Claro que é uma questão de bom senso: as baratas não servem para comer; mas sabe sempre bem confirmar esta evidência.

Segundo o DN de hoje, um norte-americano da Florida morreu pouco depois de ter ingerido várias dezenas de baratas e alguns vermes não especificados.

Diz a notícia: «Edward Archbold, de 32 anos, engoliu várias dezenas de baratas e vermes na sexta-feira durante o concurso organizado por um viveiro de répteis, cujo primeiro prémio era uma cobra pitão. Logo após o final da competição, o homem vomitou, tendo sido transportado de imediato ao hospital, onde morreu».

Archbold não estava sozinho, já que o concurso teve mais 30 concorrentes mas, segundo parece, mais ninguém morreu, pelo que se deduz que comer baratas só faz mal a partir de um certo número.

Era curioso saber quantas baratas comeram os outros concorrentes, só para o caso de sermos obrigados a recorrer a estes simpáticos bichinhos, caso os impostos continuem a subir…

Ladies and Gentlemen: Meet the Great Mitt!

Se os americanos decidirem eleger Mitt Romney para a Presidência da República, o Progresso dará um salto gigantesco, pelo menos, na área da aviação.

Com efeito – e para evitar que a sua linda barbie-esposa torne a sufocar com fumo no interior de um avião – Mitt vai fazer com que as janelas dos aviões passem a abrir sempre que a malta queira apanhar um pouco de ar!

Se não acreditam, vejam este vídeo, onde o Great Mitt afirma não perceber porque raio as janelas dos aviões não abrem!

http://bcove.me/q1e7bmzk

May God be with the yankees!…

“Love”, de Toni Morrison (2003)

—Toni Morrison, aliás, Chloe Ardelia Wofford, nasceu em 1931, no Ohio, e foi galardoada com o Prémio Nobel em 1993.

Love” é o seu oitavo romance e conta-nos a história de Bill Cosey e dos seus amores.

A diferença é que a história é contada através das mulheres que rodearam Cosey, nomeadamente, a filha e a segunda mulher, que têm praticamente a mesma idade, já que Cosey casou com uma miúda de 11 anos, quando já tinha uma filha, mais ou menos com essa idade.

—A outra diferença é que a história é contada aos solavancos no tempo, para trás e para a frente, nem sempre desvendando tudo e o leitor tem que ir juntando as peças do puzzle.

Só bem a meio do livro se tem uma ideia geral do que se passa e, mesmo assim…

Confesso que antes de ler este livro desconhecia que Toni Morrison era afro-americana. Depois, quando tomei conhecimento desse facto, percebi melhor a sua escrita. De facto, ao lermos esta história, só perifericamente damos conta que estamos perante personagens de raça negra.

A escrita de Toni Morrison é “poética”, no sentido em que utiliza imagens novas para descrever acções e sentimentos, mas a leitura do livro não é fácil e requer atenção redobrada.

A edição da Dom Quixote, com a tradução, penso que correcta, de Maria João Freire de Andrade, tem um erro de português indesculpável na página 147: «Ele estava ali para o que ela precisa-se».

Não se admite!

A McDonald’s faliu!

É verdade, a McDonalds faliu… na Bolívia!

A empresa norte-americana de fast food, que tem oito míseros restaurantes na Bolívia, já anunciou que se vai retirar daquele país porque os bolivianos preferem bifes de lama.

E como a carne de lama deve ser intragável, os bolivianos mastigam umas folhas de coca para disfarçar…

Agora, pensem bem: quem tem í  mão folhas de coca, para que raio quer Coca Cola?

Por isso mesmo, Evo Morales, o presidente boliviano, já avisou que, até 21 de Dezembro, tanto a McDonald’s como a Coca Cola terão que abandonar o país. A data escolhida está relacionada com o calendário maia a os festejos contra o capitalismo.

Lê-se e não se acredita.

Se eu fosse aos yankees, deixava de snifar coca boliviana!

 

“Homeland” – 1ª temporada

—Howard Gordon e Alex Gansa, argumentistas do trepidante 24, são os autores deste Homeland, que alguém já classificou com um 24 para adultos.

Baseado numa série israelita, os 12 episódios de Homeland contam-nos a história de um marine resgatado após 8 anos de cativeiro no Iraque e da agente da CIA que está convencida de que ele regressou convertido í  Al Qaeda e com um plano terrorista em mente.

Episódio a episódio, a tensão vai aumentando e a trama vai-se adensando; í s tantas, desconfiamos de quase todos os personagens – cada um deles pode perfeitamente ser o terrorista.

Damian Lewis é o sargento Brody. Depois de 8 anos detido no Iraque, regressa aos EUA como herói, mas descobre que a mulher andou enrolada com o seu melhor amigo.

Além disso, a agente da CIA, Carrie Mathison (uma excelente interpretação de Claire Danes), parece obcecada por ele, estando convencida que ele, no fundo, é um terrorista infiltrado.

Carrie é bipolar e Claire Danes consegue ser muito convincente nesse particular, sobretudo nos últimos episódios, quando descompensa.

Como é habitual nestas séries de topo, existem uma série de personagens secundárias, todas bem estruturadas, destacando-se Saul Berenson (Mandy Patinkin), o chefe directo de Carrie, que está a braços com uma crise conjugal.

Claro que a 1ª temporada terminou em suspenso e, agora, não há outro remédio senão esperar pela 2ª temporada.

Recomendo.

Yankees maquiavélicos!

Afinal, a Cristina Kirchner não tinha cancro da tiróide!

A Argentina respirou de alívio e os médicos ficaram muito mal na fotografia: a presidente foi operada, tiraram-lhe a tiróide, suspeitando que ela tinha um cancro e, depois, a anatomia patológica veio revelar que era apenas um inocente bócio colóide, que não precisaria de cirurgia.

Sem tiróide, a pobre da Cristina lá terá que tomar medicação substitutiva para toda a vida!…

E lá se vai a teoria do Hugo Chávez, segundo a qual, os States teriam desenvolvido uma qualquer tecnologia capaz de induzir cancro nos dirigentes da América Latina.

A menos que…

A menos que a trama dos EUA seja ainda mais pérfida: desenvolveram uma tecnologia que induz nos dirigentes da América Latina a ideia de que têm cancro – e afinal, não têm!

Se assim é, Fidel de Castro foi operado ao cólon e afastou-se do Poder, desnecessariamente.

Do mesmo modo, o próprio Chávez ficou sem próstata e levou com quimioterapia e radioterapia sem necessidade nenhuma, só para os yankes se rirem da sua calvície induzida.

Motherfuckers!