Anda tudo num alvoroço por causa da revelação da Wikileaks.
Um australiano, com cara de obstipado crónico, inventou esta coisa que consiste na exposição pública de conversas privadas. Enfim, o gajo não inventou nada. Limitou-se a transpor para a alta política o mesmo espírito do Big Brother televisivo.
Diz ele que é o direito í liberdade de imprensa. Resta saber se, ele próprio, aceitaria que fossem publicadas as suas conversas com a mãe, ou com as eventuais namoradas, ou com as fulanas que dizem ter sido assediadas e violadas por ele…
Mas, afinal, que novidades é que nos dá o Assange?
Que a ministra espanhola dos Negócios Estrangeiros disse que Hugo Chavez «é uma besta, mas não é estúpido».
Que o presidente do Egipto, Mubarak, no poder desde 1981, deverá ser candidato em 2001 e poderá continuar no cargo até morrer.
Que a presidenta eleita do Brasil, Dilma Rousseff, organizou três assaltos a bancos, nos tempos em que era guerrilheira de esquerda.
Que Angela Merkel terá dito que Putin era um “macho alfa” e Sarkozy um “rei vai nu”.
Que um conselheiro de Sarkozy terá dito que Chavez é louco e o estado iraniano é fascista.
Que Berlusconi é um tipo superficial e que é o “porta-voz” de Putin na União Europeia.
Que os diplomatas americanos dizem que Merkel é «o único homem capaz de governar a Europa».
Que Medved é o Robin do Putin Batman.
Etc, etc…
Olha que novidade!
Isto são coisas que toda a gente diz, no dia a dia.
Tudo isto está ao nível das revistas sociais, que exploram as figuras públicas. Mexericos. Mexirileaks.
Assange é um daquele heróis improváveis, que acaba por ter o apoio da esquerda que adora passar um fim de semana em Nova Iorque mas que, na sua fantasia anti-imperialista, pensa que era bom viver num regime norte-coreano ou iraniano.