“Estilhaços”, de Bret Easton Ellis (2023)

Nunca tinha lido nada deste beste-seller norte-americano, sobretudo conhecido pelo seu romance “…Psicopata Americano” e confesso que fiquei cansado, depois destas 621 páginas de letra pequenina.

Numa introdução, Ellis faz-nos crer que vai contar acontecimentos que viveu aos 17 anos, quando era finalista de Buckley, um liceu na área de Los Angeles. Esses acontecimentos são marcados pela existência de um serial killer que, em 1980-81, foi responsável por alguns crimes horrendos. Claro que a memória de Ellis é prodigiosa, uma vez que se recorda das músicas que estavam a tocar em determinados locais, da roupa que ele e os colegas do liceu usavam em determinados dias, da decoração das diversas casas onde decorriam as festas. A certa altura, parecia estar a ler um dos livros de Knausgard, aquilo a que chamam autoficção.

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o jovem Ellis e os seus colegas movimentam-se num ambiente de gente rica; todos conduzem grandes máquinas, saltitam de festas em festa, têm pais que lhes dão toda a liberdade, a maior parte deles divorciados, vivem em grandes mansões com piscina e todos se drogam, sobretudo com coca, erva, Valium e Qualuudes.

Ellis é homossexual e tem relações com um colega e não só, mas esconde esse facto e, oficialmente, tem uma namorada.

As descrições dos grandes carros e dos seus percursos, chega a ser enfadonha:

“…A seguir endireitei-me e liguei o carro e segui o Porsche para Valley Vista. Nessa tarde se gunda-feira o Robert virou í  esquerda para Beverly Glen, em lugar de continuar por Valley Vista até í  405, o que significava que ia passar pela casa em Benedict Canyon. (…)

Esperei que passasse outro carro e segui o Robert até ele parar no semáforo em Sunset Boulevard e virar em direcção a Beverly Hills, onde Benedict Canyon entrava em North Canon Drive, e percebi que ele ia passar pela casa da Susan Reynolds…”

Quanto í s roupas e acessórios, o autor faz questão de nos descrever tudo ao pormenor, incluindo as marcas.

“…Ele tomara banho e tinha o cabelo penteado para trás e vestia calças de ganga e uma Lacoste azul a combinar com os olhos e um casaco Members Only, e sorriu-me de novo enquanto entrávamos no átrio…”

Mas Ellis também descreve, em pormenor, alguns encontros amorosos, de um modo muito gráfico:

“…… o filme era bom, mas não achei nenhum dos rapazes britânicos atraentes, apesar de serem jovens atletas universitários, porque, suponho, estar ali sentado tão perto do Ryan me distraía, e estava muito consciente de todos os meus movimentos. Queria tocar-lhe, passar os dedos pelo fecho das calças dele, puxar-lhe o caralho para fora e masturbá-lo, só para poder ver a cara dele durante o orgasmo e cheirar-lhe o sémen, e fiquei instantaneamente teso ao pensar nisso.”

Em resumo, a história que Bret Easton Ellis conta podia ser resumida em metade das páginas, mas penso que o autor quis mesmo que o livro fosse assim, cheio de descrições de roupas, e de festas, e de drogas e de orgias, para dar a chamada cor local dos anos 80 na Los Angeles dos muito ricos.

Não me impressionou…