De Valença ao Gerês

Domingo e segunda foram autênticos dias de verão, com direito a manga curta.

—Hoje, choveu todo o dia, por vezes com muita intensidade, o que não deixou de ser uma vantagem para cenários tão românticos como os que percorremos hoje.

A primeira paragem foi em Arcos de Valdevez. Foi uma paragem rápida, que a chuva era muita, mas deu para ver alguns edifício feiosos, mas uma imagem bonita para compensar: a ribeira de Vez, passando sob a ponte do século XIX, árvores seculares em ambas as margens e, reflectida nas águas, a torre da igreja de S. Paio.

Tranquilamente, as águas da ribeira vão deslizando, com alguns desníveis que formam minúsculas cascatas. As grossas gotas da chuva quase não conseguem trespassar a folhagem densa das grandes árvores e o conjunto é, ao mesmo tempo, melancólico e tranquilizador.

—Logo ali ao lado, fica Ponte da Barca, í  beira do Lima. Esta localidade já existiria na Idade Média e o seu nome provém da barca que ligava as duas margens do rio. A ponte foi construída no século XV.

Na vila, destacam-se o Pelourinho e um Mercado, uma construção considerada monumento nacional. Ali perto, o designado Jardim dos Poetas, com árvores enormes e casas solarengas.

A chuva persistia, mas a humidade apenas tornava tudo mais verde e o cenário mais bucólico.

Apesar da chuva, ainda nos aventurámos até Lindoso, para ver o castelo.

Lindoso já fica no Parque Nacional da Peneda e o castelo está em recuperação. Uma enorme grua desfigura a cena toda.

—Apesar disso, vale a pena o esticão de cerca de 30 quilómetros.

Perto do castelo, diversos espigueiros que, segundo julgo, formam o conjunto mais numeroso do país.

O almoço foi em Vila Verde. Pescada grelhada.

Debaixo de chuva, prosseguimos, em direcção í  Caniçada.

Parámos, ainda, em Caldelas, para ver as termas e em Terras do Bouro.

A Pousada de S. Bento, na Caniçada, pode abordar-se vindo de baixo, do vale do Cávado, e são 5 km de curvas e contra-curvas.

—Depois de 188 km í  chuva, foi um alívio para o meu pescoço e ombros chegar a este antigo refúgio de caçadores, que já sofreu diversas adaptações e renovações, a última das quais muito recente.

O panorama da Pousada é soberbo, com as curvas do Cávado lá em baixo e as montanhas verdes, mas agrestes, do Gerês, de um lado e do outro.

Como é habitual nestes grandes cenários naturais, as cores e as formas parecem mudar, consoante estamos num dia de chuva, como de hoje, ou ao nascer de um dia de sol, ou ainda, com o sol poente.