Californication – 2ª temporada

—A maior parte das séries de televisão norte-americanas desta nova fornada, começa muito bem mas vai perdendo gás ao longo das temporadas. As excepções (Sopranos e The Wire), confirmam a regra.

Californication ainda só vai na 2ª temporada e, por enquanto, mantém a mesma performance. Claro que não se compara a qualidade desta série soft-porno-chic, com The Wire, por exemplo – são coisas completamente diferentes, mas Californication é divertida, mantém um andamento apreciável e como os episódios são curtos, não chega a chatear.

Duchovny, no papel do escritor falhado, continua o seu underacting e, com aqueles olhos de carneiro mal morto, vai papando as miúdas todas da série, mas sempre sem querer e com uma dose de culpabilidade que dura 10 minutos.

Gosto muito da personagem de Charlie Runkle, interpretada por Evan Handler, masturbador compulsivo, agente de actrizes porno falhadas e que parece estar sempre no local errado, í  hora errada.

Vejamos se a 3ª temporada mantém o ritmo das duas anteriores.

Californication – 1ª série

—Criada por Tom Kapinos, Californication é uma série muito divertida. Começando logo com o protagonista a sonhar que está numa igreja e que uma freira lhe oferece um “blow job”, podia descambar numa grandessíssima ordinarice, mas não – consegue manter uma classe muito elevada, mesmo quando a miúda de 16 anos, montada no escritor falhado Hank Moody, lhe prega dois valentes socos no momento em que atinge o orgasmo.

David Duchovny faz um Hank Moody muito cool: fumador, desleixado, desarrumado, deprimido, provocador, mas, no fundo, um gajo porreiro, que anda um pouco í  deriva.

A sua ex-companheira deixou-o porque ele era demasiado desordenado e juntou-se com um tipo muito certinho, mas que não tem piada nenhuma e continua a deixar-se seduzir pelo escritor. A filha de ambos, uma teen-ager estranha, com ar gótico, balança entre o papá e a mamã e tem a mania que vai ser uma pop star. O agente de Moody, é um careca libidinoso, que se envolve em jogos sado-masok com a secretária porque o seu casamento está uma seca, mas acaba por se envolver numa “ménage í  trois” que, em vez do excitar, o inibe.

Enfim, a galeria de secundários é ilustre e há muito material para desenvolver.

Ao contrário da imagem do californiano bem parecido, bronzeado e musculoso, Hank Moody é longilíneo, tem barriguinha e apresenta-se sempre com a barba por fazer e com o ar de quem dorme mal há décadas. Apesar disso, não se safa nada mal nos engates.

A série mostra muitas maminhas, rabiosques e, em geral, mais superfície epidérmica do que é habitual na televisão e, em 12 episódios, percorre quase todas as fantasias heterossexuais mais consensuais.

Uma boa arrancada. Vejamos o que a 2ª série nos reserva.