Boa ideia, Francisco!

O Papa Francisco anda a maravilhar o mundo ocidental com as suas atitudes, os seus gestos e as suas palavras.

Afinal, é fácil maravilhar o mundo ocidental: basta dizer e fazer coisas óbvias, que qualquer pessoa de bom senso diz e faz – mas, ditas e feitas pelo Papa, têm outra força.

E, ainda por cima, o Papa até gosta de futebol, como o comum dos mortais! Tão querido!

O que é certo é que, em meia dúzia de meses, o homem já conseguiu seduzir dirigentes, jornalistas e massas e até já foi considerado a Figura do Ano pela Time.

Agora, que é Natal, Francisco disse mais umas coisas.

Disse, por exemplo, que “…Con la comida que se tira se podría alimentar a todas las personas que padecen hambre en el mundo”.

Isto é, para quem não pesca espanhol, que, com os restos de comida que se deitam fora, se poderia dar de comer a quem tem fome.

E esta?!

E eu que nunca tinha pensado nisto, caramba!

Grande ideia, Francisco!

Já agora, dá pernas a essa ideia e põe os padres de todas as paróquias a recolher os restos de comida, em vez de andarem a fazer festinhas nas criancinhas.

Depois, os padres levam esses restos aos bispos, que os fazem chegar aos missionários espalhados pelo mundo e estes, por sua vez, distribuem a comida por quem tem fome.

Isso é que era uma coisa bem feita, Francisco!

Talvez assim, finalmente, a tua igreja fizesse algo de útil!

Jonet, o BAF e o bife

Eu sou do tempo em que as famílias mais abastadas tinham o seu pobre de estimação.

Eram para ele os restos do almoço, uma ou outra iguaria sobrante e dois tostões para o pão.

Chamava-se esmola.

Aos outros pobres, batia-se com a porta na cara.

Fossem trabalhar, que tinham bom corpo!

Com o advento do Estado Social, passámos a descontar para os pobres.

É mais asseado.

A pouco e pouco, os pobres deixaram de viver em barracas e, subsídio a subsídio, muitos deles até têm telemóvel e computador e grandes carros í  porta.

Felizmente, veio a crise e com ela, os pobres estão a voltar a ser pobrezinhos.

Neste cenário, o Banco Alimentar contra a Fome (BAF), tem um papel cada vez mais importante.

Podemos voltar a ter muitos pobrezinhos, mas não podemos regressar ao passado!

Isso de cada família mais abastada ter o seu pobrezinho de estimação está ultrapassado.

Não só porque os pobrezinhos são muitos, mas também porque cada vez há menos famílias abastadas…

Por isso, a caridadezinha tem que ser organizada.

—E  é aqui que entra o BAF.

A presidente do BAF, Isabel Jonet, não tem mãos a medir e fez questão de vaticinar que vamos, todos, empobrecer nos próximo tempos.

Ela própria dá o exemplo, não estoirando dinheiro no cabeleireiro.

E disse mesmo que “se não há dinheiro para comer bifes todos os dias, então não comemos bifes todos os dias”.

Os vegetarianos aplaudiram.

E até eu, que não sou vegetariano, estou de acordo com a Dona Jonet – í  medida que vou envelhecendo, cada vez gosto menos de bife.

Mas será que os pobrezinhos não têm direito a comer mais bife, por-amor-de-deus?

Sugiro í  Dona Jonet que, no próximo peditório do BAF, arranje uns sacos térmicos para os voluntários distribuírem, í  entrada dos supermercados.

Assim, nós podemos colocar as bolachas e o esparguete no saco habitual e dois ou três bifes da vazia no saco térmico.

Os pobrezinhos vão ficar tão contentes!…