Almoço de homenagem a Cavaco Silva.
Um grupo de amigos decide agradecer-lhe publicamente pelos 20 anos que esteve a tomar conta de nós, como primeiro-ministro e como presidente.
A recepção dos amigos aconteceu na cavalariça do Pestana Palace.
Na cavalariça?… compreende-se…
Entre os amigos presentes, contavam-se muitos banqueiros:Â Fernando Faria de Oliveira, ex-presidente da CGD e actual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Vítor Bento, que esteve í frente do Novo Banco, Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, Paulo Teixeira Pinto, ex-presidente do Millennium BCP, Norberto Rosa, actualmente consultor do conselho de administração do Banco de Portugal, mas ex administrador e ex-vice-presidente da comissão executiva da Caixa e ex-vice-presidente do BPN.
Compreende-se…
No final do almoço de bacalhau com batatas, Cavaco discursou.
E disse, por exemplo:
“Há muita coisa que não se sabe [da forma como exerceu a Presidência] porque tomei a decisão de manter muita coisa reservada por convicção de que essa era a melhor forma de manter o superior interesse nacional.”
Portanto, para Cavaco, o superior interesse da nação implica esconder coisas, não divulgar coisas…
O homem acha que, sem ele, Portugal tinha sido outro país – e tem toda a razão.
Convencido da sua importância na História de Portugal, acrescentou:
“…Em que outro tempo teria sido mais útil para o meu país a minha experiência como primeiro-ministro, o meu conhecimento de economia e finanças, o meu conhecimento das instituições europeias? Não consigo ver outro e portanto foi o tempo certo para ter sido Presidente da República”.
Por acaso, eu vejo outro tempo em que Cavaco podia ter sido o homem certo no lugar certo: o tempo da Outra Senhora, por exemplo.
Quem se lembra, hoje, do presidente Craveiro Lopes?
Quem se vai lembrar, daqui a 50 anos, do presidente Cavaco Silva?
Sempre convencido, Cavaco avisou que ainda tem uma palavra a dizer.
Será: “í“ Maria, já tomei as gotas hoje?”